UM OLHAR PELA FORMA COMO OS CIDADÃOS CUIDAM DAS PRAIAS

PRAIA DOS GENERAIS - O PONTO DE PARTIDA 

A “Praia dos Gerais” é o local onde começou a  série de reportagens que o Ponto de Situação publicará, em volta da preservação dos mares em Luanda. Diferente de outras praias,  nota-se que esta não é muito frequentada,  mas que à primeira vista,  deu-nos a entender que  não está devidamente  preservada.

Os oceanos e mares representam 70% do globo terrestre e fornecem mais da metade do oxigênio que respiramos, regulam o clima do planeta, nos dão energia, alimento, ainda promovem saúde e bem-estar. Assim sendo, nossas vidas dependem da saúde dos oceanos, quando respiramos ou quando consumimos alimentos de origem marinha. 

Neste sentido, qual a realidade das praias em Luanda, no que se refere aos cuidados?

Para trazermos a resposta desta questão, inicialmente optamos por radiografar a “Praia dos Generais”, no município de Talatona, uma zona, que segundo relatos, já muito frequentada por oficiais, das Forças Armadas Angolanas (FAA). 

Apesar do número reduzidos de  banhistas, por ser um espaço restrito e desconhecido por muitos cidadãos, o cenário do final de semana, tem sido de maior movimentação, sobretudo para os moradores, muitos dos quais, aproveitam para banhar, conversar, ler um livro e contemplar a natureza a beira mar. Ainda é possível em dias de “sorte”, encontrar quem opta pela brisa do mar, para escrever um poema ou compor uma canção, bem como, para comercializar. 

Uma das pessoas que encontramos, é o  vendedor Lopes Lourenço, que aproveita o espaço, para ganhar o pão, vendendo bebidas diversas. Disse que a praia em questão, no geral ‘‘tem sido bem cuidada, até porque há uma equipa que faz limpeza todas as manhãs, e às vezes os próprios vendedores também o fazem, mas não há contentor naquele perímetro’’.

O interlocutor, afirmou que  houve  altura em que havia no local,  um contentor, mas foi retirado sem saber as razões, por isso, algumas vezes, a  existência de focos de lixo, tem uma realidade.

“ Nós como banhistas podemos até recolher o lixo, mas ‘‘os contentores estão muito distantes da praia’’, acredito que é por este motivo que alguns deixam aqui o lixo, o que não se justifica!”,  exclamou a moradora do bairro, Stela Marina.

De lembrar, que este tem sido o cenário da maioria das praias em Luanda, sobretudo aos finais de semana e feriados, onde se regista maior enchente de pessoas. Quando não é por falta de contentor é mesmo a falta de vontade do próprio banhista em mantê-la limpa.

O senhor Alberto José, que afirma já ter frequentado algumas praias da capital do país, diz que a praia Amélia inspira ainda muitos cuidados, quer na organização, como na limpeza. Diz ainda que ‘‘devia se exigir uma multa’’ para quem insistisse em deixar lixo na praia. 

Segundo Antónia Bernarda, é lamentável o estado das nossas praias, por isso, apela maior responsabilidade e consciência colectiva, pois a seu ver, ‘‘preservando  o mar ou as praias, estamos a nos preservar, porque muito do que comemos vem do mar, logo, se o mar estiver contaminado, a vida marinha também estará e nós com certeza de igual modo”. 

Como disse um dos entrevistados no princípio, não há contentor de lixo na Praia dos Generais, mas todas as manhãs há uma equipa que faz a limpeza e põe o lixo em sacos, depois aparece o carro que faz a recolha, mas esta semana,  nossa equipa de Reportagem constatou amontoados de lixo que não estavam em sacos e já era final de tarde.

Já houve até relatos de banhistas que pisaram em  objectos cortantes enquanto caminhavam à beira mar e no seu interior,  resultando em ferimentos graves.

Na opinião do senhor Benjamim Chicoquela, os cidadãos têm feito alguma coisa para manter as praias limpas, mas ainda é pouco, porque o número de pessoas que assim o fazem,   é muito reduzido. Diz ainda que devia haver sensibilização a tempo inteiro,  para que ninguém deixasse lixo, e que a lei teria de ser mais dura, como o pagamento de multas, para os que não preservam este bem público.

“A Ilha de Luanda é uma das praias que mais recolha de lixo tem, se calhar por ser também um ponto turístico e uma das mais visitadas. Mas devia ser assim em todas as nossas praias, para a preservação da vida marinha”, sublinhou.

Os entrevistados, apelam aos cidadãos que frequentam as praias, no sentido de usarem recipientes reutilizáveis, consumir menos plásticos, separar o lixo não reciclável do reciclável, porque acreditam que pode contribuir e muito, para minimizar os efeitos negativos destes resíduos no ambiente marinho, e desta forma cuidar melhor das nossas praias. 

Em relação às distintas praias existentes, os banhistas dizem que é uma das melhores que há, dada a sua calmia e  recomenda-se para quem pretende levar crianças.

A equipa de Reportagem do Ponto de Situação, trará em breve a radiografia de outras praias de Luanda. 

Redacção Ponto de Situação

comentário como:

comentário (0)