PAUSA PEDAGÓGICA DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES – DESAFIOS PARA OS PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO

Por: Adriano Tandela (Sociólogo)

Observada ao longo do ano lectivo, a pausa pedagógica é um período de descanso dos alunos que ocorre fundamentalmente no intervalo entre os trimestres, como é o caso de Angola. Diz a máxima usada principalmente pelos membros de Direção das Escolas para “refrescar” a memória dos professores, “a pausa pedagógica é para os alunos e não para os professores”. É um momento oportuno para os pais dialogarem mais com os seus filhos, avaliar até que ponto os valores absorvidos na família são vividos na escola. Manter uma comunicação saudável para o fortalecimento da relação afetiva familiar.

Face a esse momento de “júbilo” para os alunos, e em contraste em muitos casos com as dificuldades socioeconómicas das famílias, esta realidade constitui um desafio para os pais e encarregados de educação que nem sempre estão disponíveis para proporcionar um ambiente de convívio com os filhos. A sociologia da educação ajuda a compreender que a educação efectiva-se no contexto social. É uma socialização da criança exercida pela família, escola e demais agentes vocacionados para o efeito. Por isso, à família é confiada essa nobre missão para a salvaguarda e continuidade da sociedade. 

No período de pausa pedagógica os pais e encarregados de educação são desafiados a oferecer às crianças momentos de diversão. Para tal, a ocupação das mesmas em actividades como jogos, dança, visitas a lugares turísticos, entre outras actividades que concorrem para a formação integral do indivíduo, é essencial para prepará-las para um regresso salutar e alegre à escola. Esses momentos de permanência e convívio intenso com os pais permite às crianças aumentarem os seus níveis de rendimento escolar, levando-as a progredir de trimestre a trimestre.

Essa é a realidade que se pretende que as crianças vivam. Entretanto, as limitações socioeconómicas de muitas famílias hoje não favorecem a criação dessas condições, levando mesmo alguns pais a envolverem seus filhos a auxiliarem na prática de venda ambulante ou no atendimento na “bancada” junto a porta de casa. O clamor das famílias é notório, pelo que requer respostas positivas das autoridades governamentais se quisermos ter uma sociedade melhor. A família é o “viveiro” da sociedade. O declínio desta instituição pressupõe o declínio da sociedade. Suas competências devem ser reforçadas e seus direitos garantidos. Garantir os direitos da família é garantir os direitos da criança.

O desenvolvimento integral da criança está relacionado com as oportunidades e o nível de assistência social dada a família. A pobreza que hoje enferma os lares é uma temática preocupante cuja tipologia constitui motivo de debate nos mais variados ciclos sociais. Relativa ou absoluta, a pobreza é um problema social que corrói as famílias deixando-as cada vez mais vulneráveis. Suas raízes devem ser atacadas com políticas públicas exequíveis que favoreçam a construção de uma sociedade cada vez mais inclusiva, justa e digna para todos.   

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