
Impacto das políticas públicas ambientais no efeito das alterações climáticas
ANALISTA POLÍTICO APELA MAIOR INVESTIMENTO NA ENERGIA SUSTENTÁVEL
- por Redacção --
- Friday, 30 May, 2025
O analista político José Luvumbo defende que o grande desafio que o mundo enfrenta é fazer com que os países emitam o mínimo de carbono possível e para isso, defende o investimento em energia sustentável, uma meta que, a seu ver, Angola ainda está muito distante de atingir, por depender fundamentalmente do petróleo.
Estudos apontam que as alterações climáticas são variações que ocorrem no ambiente, na atmosfera e nos padrões de precipitação, e que persistem durante décadas ou por períodos ainda mais longos. Essas alterações podem resultar de causas naturais, de forças externas ou de actividades humanas que afetam a composição da atmosfera.
Segundo José Luvumbo, uma das principais causas das alterações climáticas é a emissão de gases de efeito estufa na natureza, resultante da exploração do petróleo. Essa emissão origina o aquecimento global, a degradação da biodiversidade e o aumento do nível do mar, um dos fenómenos mais significativos em todo o mundo.
José Luvumbo salientou que as nações de todo mundo estão preocupadas com as alterações climáticas, pois nenhuma delas está salvo.
Trazendo para o contexto angolano, alertou que a região sul de Angola é a que mais sofre com essas alterações, sobretudo devido ao fenómeno da seca.
O entrevistado acrescentou que Angola ainda está longe de alcançar um nível eficaz no combate aos efeitos das alterações climáticas.
Analisando a situação da Europa, o analista comentou que a Suécia é um dos países mais avançados, especialmente no que diz respeito às energias sustentáveis, solução apontada pelo Ocidente e pelos Estados Unidos da América como a principal forma de combater as alterações climáticas.
Medidas para o combate dos efeitos das alterações climáticas
Sobre os desafios e as medidas a serem tomadas para o combate às alterações climáticas, citou o Acordo de Paris como o principal vetor a nível internacional.
Para José Luvumbo, africanos, asiáticos, europeus e americanos têm duas grandes preocupações: a primeira está relacionada com o investimento massivo em energia sustentável; a segunda, com a forma como os países com pouca capacidade industrial poderão fazer um investimento de grande dimensão sem comprometer a sua economia.
O especialista disse que, apesar de estar a viver uma crise energética, a Europa está bastante avançada nesse aspecto.
“Economia com baixa emissão de carbono e menos dependência do petróleo, pois os países que dependem muito desse recurso são os que mais sofrerão com essa transição”, afirmou.
José Luvumbo afirmou que, na Europa, já se fala em carros elétricos em massa e em não usar gás para cozinhar, o que significa que a energia será utilizada para tudo. “São países para os quais nós vendemos o petróleo para sustentar o nosso orçamento”, destacou, acrescentando que isso deve ser motivo de preocupação.
Quanto ao acesso da população angolana a essa informação, o entrevistado salientou que o país precisa investir mais em educação ambiental. O interlocutor acredita que, ao olhar para o fenómeno climático em Angola, muitas pessoas pensam apenas em plantar uma árvore para obter ar puro, mas explicou que a questão vai muito além do que se vê.
O especialista defendeu que é necessária uma maior divulgação por parte dos órgãos de comunicação, assim como campanhas específicas do governo angolano, com o objectivo de promover informações para que a juventude compreenda o que é, de facto, a alteração climática.
Segundo José Luvumbo, é essa geração que vai viver as mudanças dentro de suas casas, substituindo fogões a gás por fogões elétricos, carros a combustível por carros elétricos, e, por isso, deve estar bem informada.
Consequências das alterações climáticas
Para o entrevistado, infelizmente todos hoje vivemos as consequências deste fenómeno, como foi o caso do Japão, onde, em 2020, o governo teve de fornecer aparelhos de ar-condicionado à população devido às mortes causadas pelo calor excessivo.
“Em Angola, além da seca no Namibe, Moxico, Cuando Cubango e Cunene, também vivemos o fenómeno do aquecimento. Veja que hoje, em Luanda, quando são 10h00, parece que são 13h00, porque o aquecimento aumentou. Estamos a falar de temperaturas médias entre 30ºC e 32ºC, o que é muito”, apontou.
Segundo José Luvumbo, outra consequência pouco abordada é a variação no preço do petróleo. Do seu ponto de vista, isso ocorre porque alguns países consumidores estão a substituir a energia do petróleo pela energia sustentável, o que faz com que os países produtores enfrentem as consequências dessa transformação. Outra consequência que enumerou são os incêndios florestais que ocorrem com frequência.
Soluções
De início, José Luvumbo apontou a união das nações e uma visão comum como essenciais para alcançar os objectivos.
O nosso convidado indicou que, para Angola, uma das grandes soluções está na Sonangol, empresa responsável pelas questões petrolíferas no país, e que, assim como a Total, deve fazer um grande investimento em energia sustentável.
A união entre os partidos políticos e a sociedade civil, bem como projetos que reflitam no futuro da geração mais jovem, foi também apontada como uma das soluções.
“Este fenómeno climático vai afectar mais a nós, jovens, por isso devemos nos preocupar, porque daqui a dez anos ou mais a Europa já não vai querer saber de petróleo, e, se não tivermos capacidade, nós, os jovens a partir dos 20 anos, sofreremos as consequências”, alertou.
Para finalizar, José Luvumbo afirmou ser importante investir na informação e que o governo deve preocupar-se em manter a juventude informada sobre os efeitos das alterações climáticas, pois ‘‘hoje vivemos o aquecimento, amanhã não se sabe o que virá!’’.
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Redacção Ponto de Situação