
GRANDE REPORTAGEM
ELES DITAM QUEM VIVE E QUEM MORRE!
- por Redacção --
- Tuesday, 29 Apr, 2025
O aborto continua a provocar vítimas mortais em Angola, praticado muitas vezes em locais clandestinos ou em instituições de saúde devidamente legalizadas. Nesta reportagem, a equipa do Ponto de Situação, trás vários episódios em volta desta problemática de interesse público.
Por: Angelino Katchama e Leal Mundunde
Começamos com esta reportagem, a entrevistar na via pública os cidadãos, para obtermos opiniões em volta deste assunto.
O docente Miguel Matuca considera ‘‘falta de carácter’’ por parte de quem opta por esta prática, e sustenta que “abortar é literalmente tirar a vida de alguém, que teria contribuído para o desenvolvimento da sociedade”.
O também responsável de uma academia de línguas, disse que as dificuldades financeiras, a falta de educação e preparação do cidadão, são alguns dos factores que levam muitos a caminharem por esta via, que reforça ser condenável.
‘‘Elas envolvem-se sexualmente com os seus parceiros ou não, muitas vezes por necessidade, e como resultado surge a gravidez. Algumas por falta de condições, outras porque não foram assumidas, decidem que o aborto é a melhor saída’’, declarou o professor, pelo que apela a necessidade dos pais dialogarem com os filhos sobre educação sexual.
O também Presidente da Associação Crescimento da Mulher Africana (ACMA), Miguel Matuca falou que a mulher deve ser preparada para envolver-se sexualmente, e garante que as mães não ensinam as filhas como evitar o aborto, uma missão que estende para os diversos componentes da família, que sejam adultos.
O presidente da associação, finalizou apontando o dedo as Igrejas, que a seu ver, pouco fazem para a reversão do quadro que considera preocupante.
Joaquina Bartolomeu, de 48 anos, classifica o aborto como uma prática pecaminosa perante os princípios de Deus. A seguidora de Cristo recorre a luz da Bíblia para esclarecer o assunto em causa.
Por outro lado, Joaquina Bartolomeu apelou as mulheres, a não abortarem por ser pecado à luz das “sagradas escrituras” e crime, perante a legislação angolana.
“Um dia Deus vai cobrar-vos”, alertou a diaconisa, aos que cometem e incentivam o aborto.
O contabilista Salvador Matias Nzunda, considera que a interrupção da gravidez, tem sido uma realidade em Angola, por conta da falta de condições para cuidar de um novo ser.
O profissional de contabilidade, apontou a falta de preparação psicológica e financeira como principais factores, e reconheceu que a igreja tem desempenhado um papel de extrema importância para a moralização da sociedade.
O profissional de cálculos, aconselhou os jovens a não optarem por vias negativas, mas a protegerem-se de gravidezes indesejadas que culminam muitas vezes em aborto e morte de quem os pratica, realçando os adolescentes e jovens.
Os interlocutores foram unanimes, ao apontarem as raparigas entre os 13 e 17 anos, como aquelas que volta e meia, quando se apercebem que estão concebidas, por sua opção, do companheiro ou dos familiares partem logo para a interrupção, em alguns casos com fim fatídico.
Venda de medicamentos nas farmácias
De modo a trazermos a realidade das farmácias, a equipa do Portal Ponto de Situação, esteve num destes locais, considerado como um dos pontos onde vários cidadãos, até adolescentes, recorrem regulamente afim de comprarem medicamentos para realização do aborto, uma prática segundo relatos, feita normalmente de forma discreta.
A equipa do Portal “Ponto de Situação” saiu na tarde de segunda-feira,22 de Abril, as ruas do município da Maianga, propriamente no bairro da Jamaica, na rua da Fábrica de Blocos, para colher mais dados deste assunto.
O sol e o calor tomavam conta do perímetro, marcada com várias dificuldades, uma delas, a distância que separava uma farmácia da outra.
Em uma das farmácias, o Repórter Angelino Katchama, fez-se acompanhar com uma jovem, devidamente instruída, para fazer-se passar de sua companheira, onde solicitou fármacos para interromper gravidez, não importa o tipo, pois, o objectivo era a remoção, com alegações de não existir condições para cuidar da criança caso viesse ao mundo.
Em jeito de resposta, a farmacêutica num primeiro momento negou em responder, se tinha fármacos para este fim.
Ao longo da interação, afirmou que vendiam vários medicamentos, mas não com efeito que se pretendia. Dada a preocupação apresentada, com um ar de quem realmente estava aflito, a funcionária aconselhou que das próximas vezes devia-se evitar chegar directamente a farmácia para solicitar estes medicamentos.
Por que?
Foi a questão que naquele momento não escapou e a resposta foi imediata. Na sua opinião, o prático é bater a porta de alguém conhecido para facilitar o processo e o mesmo funciona a nível dos postos médicos, por ser um negócio que se faz discretamente, por ser arriscado.
Questionada sobre as razões, respondeu que podem ter problemas com as autoridades, ao ponto de fecharem o estabelecimento e o responsável ou o funcionário ser detido.
“Eu não posso falar muito, já volto”, despediu a farmacêutica visivelmente assustada, sem sabermos ao certo, onde havia ido.
Com as suas declarações concluímos que no local vendem os fármacos, mas somente para as pessoas que eventualmente já conhecem.
Quando se esperava que a mesma regressasse talvez para vender, porque eventualmente tenha mudado de ideia, houve uma surpresa: compareceu logo em seguida, o funcionário que se identificou como responsável da farmácia.
O mesmo, esclareceu que antes vendiam, mas actualmente deixaram de o fazer, por ser ilegal.
“Os clientes compram alguns fármacos não para combater algumas patologias, mas, sim para interromper gravidez, por isso, paramos de comercializar”, explicou o especialista em saúde.
O profissional de farmácia, resumidamente assegurou que o uso de comprimidos para “sacar gravidez”, tem várias consequências, e acrescentou que “não é a aconselhável, apesar de algumas pessoas consultarem um especialista em saúde para a devida orientação, mas, ainda assim os efeitos são maiores”.
Na ocasião revelou ser “extremamente proibido a utilização de fármacos para interromper a gravidez” e acusou as mulheres na flor da idade, de serem as principais clientes de comprimidos para realização de aborto.
Em outra farmácia do bairro Rocha Pinto, também no município da Maianga, no mesmo dia, a farmacêutica disse que deixaram de vender medicamentos desta natureza, para evitar problemas com os agentes da polícia ou do Serviço de Investigação Criminal, que volta e meia entram nestes locais a paisana, fazendo-se passar por clientes.
Enquanto decorria o diálogo, por um deslize citou o comprimido mais procurado particularmente por adolescentes e jovens que optam em abortar (não citaremos por questão de segurança), mas desencorajou a prática, tendo alertado para os perigos.
A mesma fez menção, que qualquer medicamento ingerido sem prescrição médica, não se aconselha.
“Isca do meio dia fixada no anzol” de um consultório médico para remoção de uma alegada gravidez
A equipa do Ponto de Situação, deslocou-se a um consultório médico, na zona da Fábrica de Blocos, na Vila do Gamek, em Luanda. A estratégia devidamente definida, foi a deslocação de um Repórter, com uma profissional deste órgão de Comunicação, fazendo-se passar de um casal jovem que procurava por profissionais para interrupção da gravidez e o resultado foi diferente do que se esperava.
O calendário marcava 22 de Abril de 2025, exactamente ao meio dia, sol intenso, rua pouco movimentada.
Avistou-se um consultório médico. Aproximou-se para colocar em prática o plano traçado. Chegou-se ao local, com a porta estava fechada, optou-se em bater a porta, mas ninguém respondia.
Um jovem de motorizada parado nas imediações, disse que bastava empurrar a porta e entrar. Na caminhada lenta, reforçou-se a estratégia para que não falhasse em nenhum momento.
Lugar calmo, quase sem ninguém: lá estava o médico trajado de bata branca a conversar com um senhor. Depois da saudação, perguntou as razões da chegada do casal no local. Como tinha mais alguém, não se deu a resposta de imediato e solicitou-se que fosse num lugar confidencial.
O médico, fez questão de efectuar apresentação como mandam as regras, concretamente no seu consultório, devidamente equipado. Ligou o Ar Condicionado, num clima mais fresco, depois do calor que se fazia sentir no exterior, a conversa começou a fluir.
O médico perguntou novamente o que o casal pretendia, e a narração foi exactamente como havia sido ensaiado, cujo foco último era a interrupção de uma gravidez de duas semanas.
O médico, já de idade, sorriu, fixando o seu olhar ao suposto casal de namorados, que na verdade, eram simplesmente colegas, mas tudo foi feito, para que o casal não caísse na própria isca.
Logo respondeu que o centro não faz este tipo de procedimento, por ser crime e que não aconselha ninguém a fazê-lo, cujos danos podem ser maiores, levando até a morte.
‘‘Vocês são muito novos, se houve descuido da vossa parte, é porque Deus assim quis que acontecesse, até porque é um procedimento muito perigoso’’, aconselhou o profissional de saúde, ao casal formado somente para aquele fim.
Quando o médico perguntou ao casal, sobre as razões da interrupção, a resposta já estava devidamente ensaiada. Naquele instante os actores da cena, em nenhum momento tinham de falhar, para trazer outros contornos. Todavia, responderam que a vida estava muito difícil, pois são apenas namorados e uma criança nesta altura atrapalharia os planos pessoais e colectivos.
Em resposta o médico, falou que a vida nunca foi fácil para ninguém, e que mesmo no tempo em que ele era jovem, havia casais que almejavam coisas maiores, mas nem por isso optaram em abortar.
O diálogo parecia de um pai, sentado com os filhos, de modo a orientá-los dos passos seguros da vida.
‘‘Há umas semanas, recebemos aqui no consultório uma senhora que queria desfazer-se de uma gravidez, alegando que o marido não quer aceitar, pelo facto de terem um filho de 2 anos, e eu aconselhei a não abortar, assim como estou fazendo com vocês’’, disse o ancião, com um ar preocupado.
O especialista prosseguiu, dizendo que sabe que muitos jovens querem estudar e trabalhar para darem melhores condições aos filhos, mas esquecem-se que têm de prevenir-se contra uma gravidez indesejada, e quando assim não acontece o resultado é aquele que não se espera, ‘‘portanto recebam esta dádiva de Deus que está à caminho’’.
Depois destas palavras, o suposto casal respirou fundo, cabisbaixos e com um rosto de tristeza, cruzaram o olhar e mantiveram o silêncio.
O cruzar do olhar, era para tentar traçar outra estratégia para a reversão do quadro, por isso, o casal não soltou naquele instante nenhuma palavra sequer, aguardando mais um passo do profissional, que escapava da “isca no anzol”.
O médico, alertou sobre os métodos para evitar gravidez indesejada e o consequente aborto.
‘‘Hoje em dia existem muitas formas de evitar essas situações, usando preservativo, as pilulas, adesivos, injeções, dispositivos intrauterinos, coito interrompido ou mesmo a abstinência sexual para o caso daqueles que são apenas namorados como vocês’’, prosseguiu.
O suposto cônjuge, insistiu que estava disposto em avançar com a remoção do feto, mas dada a teimosia, mexeu várias vezes a cabeça, em jeito de lamentação. Daí, avançou com a sua última cartola.
‘‘Vão para casa e reflitam bem sobre esta decisão’’, finalizou o médico.
Agradeceu-se o conselho, ocorreu a despedida, com um semblante triste, caminharam com passos lentos e depois de deixarem o perímetro, veio o momento de gargalhadas e reflexão, que terminou na redacção, na presença de outros profissionais do órgão.
Médico, como este não se encontra em qualquer lugar, por isso, merece a vénia de todos e deve ser um exemplo a seguir.
Casos de abortos
De lembrar que a interacção aconteceu na semana em que este portal publicou uma matéria sobre um alegado enfermeiro, considerado culpado pela morte de uma cidadã, em Luanda, depois de ser solicitado para ajudar na interrupção clandestina de uma gravidez.
O cidadão de 62 anos, é acusado de exercício ilegal da profissão e tem sido presumivelmente solicitado para ajudar gestantes a cometerem abortos.
O trabalho, foi desenvolvido no interior da sua residência, local onde supostamente já realizou serviços do género, sendo que há 2 anos, uma cidadã também terá perdido a vida nas mesmas condições.
Detido há 18 de Abril, o implicado neste crime, poderá responder a qualquer momento pelas acusações que pesam sobre si.
Ainda em Abril deste ano, uma jovem de 18 anos, entrou em coma, depois de alegadamente cometer aborto num posto médico, em conivência com o namorado de 32 anos, de nacionalidade maliana.
O caso tornado público pela Direcção de Investigação e Ilícitos Penais (DIIP), chegou ao conhecimento deste órgão da Polícia Nacional, depois da denúncia de um familiar, que socorreu imediatamente a cidadã para o Hospital Geral de Luanda. Após o internamento da cidadã, de seguida o companheiro foi detido.
Medicamentos caseiros usados para sacar gravidez
Em Luanda, existem populares que recorrem a medicamentos tradicionais, adquiridos em mercados e ruas, para interromperem gestação, inclusive quando faltam 2 meses para darem a luz.
Enquanto umas procuram por profissionais de saúde, em postos ou consultórios médicos, para de forma clandestina abortarem, outras optam pelas farmácias e há quem “bate a porta”, de senhoras que vendem nos distintos mercados e ruas da metrópole do país, com ou sem conhecimento das consequências.
As mulheres que se dedicam a venda de medicamentos tradicionais, no município de Talatona, referem que cresce o número de utentes do sexo feminino que solicitam “raízes” para remoção de gravidez, com suposto aval ou não dos companheiros.
A nossa fonte revelou que o medicamento natural é bom, mas, em casos em que são devidamente utilizados, do contrário, pode trazer danos que chega a levar a morte. Por outro lado, disse que normalmente as clientes pedem medicamentos para interromper gravidez de 5 a 7 meses, com alegações de não serem assumidas pelos namorados.
Segundo uma vendedeira, que preferiu falar sob anonimato, os medicamentos caseiros, servem para combater diferentes patologias, que os hospitais desconseguem.
Entretanto, assegurou que nos últimos anos, verifica-se várias mulheres a comprarem medicamentos tradicionais com a finalidade de interromper a gravidez.
A fonte fez saber que, dentre os principais clientes estão os homens que aparentam ter 40 anos em diante.
Estes também solicitam raízes para darem as companheiras de modos abortarem
Ainda sobre o uso de medicamentos caseiros, a vendedeira há 5 anos, desaconselha a utilização, defendendo que não é seguro, pois as consequências são maiores.
Ao longo da interacção, mostrou-nos várias composições de medicamentos, se por ventura a mulher concebida ingerir, pode terminar na interrupção.
Mulheres que cometem aborto podem ter problemas para engravidar
A enfermeira Ruth Inácio Cambota acautelou que qualquer tipo de aborto traz consigo várias consequências, levando com que algumas mulheres tenham futuramente problemas de colo aberto ou inflamação em uma das camadas do útero, chegando afectar na saúde reprodutiva.
Convidada analisar sobre a problemática do aborto, uma prática cujos relatos são frequentes, Ruth Inácio Cambota esclareceu que existem vários tipos, com destaque para o provocado, espontâneo e a curetagem, esta última feita por orientação médica.
No caso específico do aborto provocado, afirmou que ocorre por exemplo quando a mulher opta em interromper a gravidez, diferente do espontâneo, que o feto sai de forma natural sem que haja intervenção humana.
A profissional apontou a questão financeira, sendo uma das principais causas que levam algumas mulheres a causarem o aborto, e justifica que existem aquelas que não trabalham ou estejam na condição de mães solteiras que decidem seguir por esta via.
“Há aquelas que estão acima dos 45 anos e naquele meio da menopausa acontece uma gravidez. Também estas mulheres têm tendência de fazerem o aborto”, declarou.
A especialista formada em enfermagem, disse que outras são aquelas que têm mais de sete filhos e sentem receio da reação da sociedade, por isso, também chegam a ter este posicionamento.
Ruth Inácio Cambota afirmou que todo o aborto traz consigo várias consequências, “até o espontâneo”, pois, “tem sempre restos placentários que ficam dentro do útero e podem causar alguma hemorragia do primeiro ou segundo trimestre, em função da forma como ocorreu.
Segundo a enfermeira, as mulheres que optam por interromper a gravidez, podem adquirir problemas de colo aberto e de endométrio, e quando almejarem ter filhos, muitas encontram dificuldades.
Finalmente, recomendou de modo particular aos adolescentes e jovens, a evitarem essa prática, que pode em outros casos graves levar a morte. Nesta conformidade, aos que não pretendem ter filhos num dado período de tempo, o ideal é abraçar o planeamento ou adoptar a abstinência, de acordo aos conselhos deixados por Ruth Inácio Cambota, em declarações ao Portal Ponto de Situação.
Médicos que realizam abortos podem sofrer pressão psicológica
As consequências psicológicas nos casos de aborto, não recaem somente para as mulheres, mas também para os que incentivam a sua prática, como para os médicos ou enfermeiros que realizam o acto, segundo a psicóloga Alzira João.
A psicóloga declara existir profissionais que perderam a conta do número de abortos já realizados.
De acordo com a especialista em Psicologia, são diversas as causas que levam os jovens a praticarem o aborto, principalmente por falta de apoio familiar. Descreve a ausência do suporte do parceiro, como um dos factores que muitas mulheres indicam para o aborto.
Alzira João refere que a pressão psicológica é uma das principais motivações que tem levado, mulheres a interromper vida seres inocentes, atitude esta que considera reprovável.
A falta do conhecimento dos perigos do aborto, é outra causa indicada, por isso, olha para as famílias e exorta a dialogarem abertamente com os filhos para desencorajar tal prática.
“Se você nasceu, conseguimos cuidar-te e quanto mais um bebé!”, propôs, como sendo uma medida que deve ser adoptada pelos pais, para que se reduza relatos desta natureza e não incentivarem o aborto.
Às mulheres que interrompem a gravidez, as consequências são várias, que começa no “peso de consciência” em pensar no erro cometido e cogitar na possibilidade de não voltarem a engravidar, muitas vezes por culpa dos pais que estimulam o acto por acharem ser prematuro que a filha seja mãe.
Alzira João disse existir relatos de mulheres que abortaram e alimentam o medo de voltar a conceber, por isso, algumas adquirirem frigidez.
A psicóloga Alzira João, disse que os homens não escapam da pressão psicológica, quando influenciam as parceiras à abortarem, “porque fica o peso de consciência: a filha alheia, se morrer! pensa na forma debilitada como a companheira pode voltar, analisa se der errado pode ser preso”.
Para os médicos ou enfermeiros que realizam o aborto, muitos dos quais, a seu ver perderam a conta do número de gravidezes “sacadas”, também podem enfrentar consequências psicológicas, porque de antemão estão conscientes dos riscos desta acção, por jurarem salvar vidas.
O médico, segundo Alzira João, pensa nas consequências do aborto realizado, na eventualidade de ser preso caso o procedimento der errado e ser culpabilizado se a paciente não voltar a conceber ou morrer!
No geral, apontou que o peso de consciência recai para todos os intervenientes deste processo.
“Perante Deus podemos dizer que é pecado. Diante da sociedade é condenável. Vamos pensar nas consequências para que consigamos viver em sociedade, pois estamos a normalizar tudo…”, sublinhou.
O que a lei defende?
A Redacção do Portal Ponto de Situação, evidenciou esforço de entrevistar profissionais formados em direito, que desconformaram na última da hora.
Nesta senda, recorremos ao Código Penal Angolano, para trazermos dados em volta desta questão. À luz do artigo 139. °, “Quem, por qualquer meio e sem consentimento de mulher grávida, a fizer abortar será punido com prisão de 2 a 8 anos”.
Sobre o aborto consentido, no artigo 140.°, consta:
1. Quem, por qualquer meio e com consentimento da mulher grávida, a fizer abortar será punido com prisão até 3 anos.
2. Na mesma pena incorre a mulher grávida que der consentimento ao aborto causado por terceiro ou que, por facto próprio ou de outrem, se fizer abortar.
3. Se o aborto previsto nos números anteriores tiver o objectivo de ocultar a desonra da mulher, será punido com prisão até 2 anos.
Ao abrigo do Artigo 141.° faz menção sobre outros aspectos do aborto:
1. Quando do aborto ou dos meios empregados resultar a morte ou uma grave lesão para o corpo ou para a saúde da mulher grávida, o máximo da pena aplicável será aumentado de um terço.
2. A mesma pena será aplicada ao agente que se dedicar habitualmente à prática do aborto ou o realizar com intenção lucrativa.
3. A agravação prevista neste artigo não será aplicável à própria mulher grávida.
Famosos que escaparam do aborto e inspiram gerações
Neste capítulo, pretendíamos trazer a realidade de figuras públicas angolanas, porém, até ao fecho desta reportagem, não alcançamos êxito.
Assim sendo, fomos a busca de personalidades estrangeiras, para finalizar este trabalho jornalístico.
Ao decorrer da pesquisa, encontramos relatos de figuras internacionais, que não teriam a oportunidade de serem conhecidas, inclusive pelos pais, porque estavam nos planos de serem abortados. Uma “mão visível”, foi o suficiente para a reversão do quadro. Actualmente, brilham em vários palcos da vida e os progenitores reconhecem a vantagem de não partirem por este caminho.
O primeiro nome que destacamos nesta matéria, é Justin Bieber, uma das figuras que por pouco seria abortado.
A mãe do artista, Pattie Mallette, aos 17 anos, foi pressionada a partir para interrupção da gravidez, rejeitou categoricamente, decidiu deixar vir ao mundo a criança, que se tornou conhecida internacionalmente.
Com ajuda dos pais, conseguiu criar Justin Bieber.
Celine Dion, outra estrela da música, que já emocionou multidões e seus trabalhos continuam a fazer sucesso. Muitos dos seus seguidores, não têm noção do passado da artista, que por um pouco, não teria nascido, pois, estava nos planos da mãe interromper a gravidez.
A final qual foi a motivação da mãe? A senhora estava concebida pela 14ª vez.
A cidadã, Cristã, participante activa na Igreja católica, foi ter com um dos padres, contou o seu plano. O sacerdote convenceu-a deixar a criança vir ao mundo, conselhos aceites.
“Devo a minha vida ao padre (…). Quando a minha mãe superou a decepção, ela não perdeu tempo com auto-piedade e me amou tão apaixonadamente quanto ao meu irmão mais novo”, revelou Celine Dion, numa das entrevistas, anos depois.
A lista é extensa, onde consta mais um nome da música mundial: Andrea Bocelli.
A mãe quando estava grávida foi hospitalizada com apendicite.
Naquela altura, os médicos aconselharam abortar, face ao tratamento que estava a levar a cabo, presumindo que a criança nasceria com problemas graves de saúde ou deficiência, mas a senhora negou, por violar os seus princípios.
Com o decorrer dos anos, Andrea Bocelli, tornou-se uma das vozes mais ouvidas, emocionando o público internacional.
Por falta de condições para criar um filho, dona Angela pretendia seguir o mesmo caminho. O seu coração dizia para não avançar.
A intervenção do pai, foi suficiente para recuar definitivamente.
Meses depois, ouviu os gritos de um filho, que se tornou um jogador internacional. Trata-se de Tiago Silva.
Cristiano Ronaldo, jogador português, com passagem em distintas equipas a nível mundial, com vários prémios ganhos, também seria uma das vítimas.
Sua mãe, Maria Dolares, quando descobriu que estava concebida pela quarta vez, almejava abortar, por isso, procurou um médico para a concretização do plano, uma decisão rejeitada pelo profissional, que a aconselhou cuidar da gravidez e dar a luz ao menino.
Há mais figuras internacionais, no entanto, a nossa lista termina por aqui!
De referir que, tem sido frequente, casos de aborto no país, muitos dos quais tornados públicos e outros permanecem em segredo no seio dos casais ou da família.
Redacção Ponto de Situação