
Entrevista com o Sociólogo Adriano Tandela
SITUAÇÃO SOCIAL DE ANGOLA 23 ANOS DEPOIS DO ALCANCE DA PAZ
- por Redacção --
- Friday, 04 Apr, 2025
O especialista em sociologia, Adriano Tandela considera que existe a paz do calar das armas, mas, a paz que os angolanos almejam, não existe em Angola, defendeu em entrevista ao Portal de Notícia “Ponto de Situação”, olhando a situação social do país 23 anos depois do fim do conflito armado.
Por: Angelino Katchama
Os angolanos celebram hoje, 4 de abril, os 23 anos de Paz e Reconciliação Nacional. Entretanto, Entretanto, a desigualdade social continua entre os angolanos, situação que no entender do Sociólogo já seria combatida e reduzida nos anos anteriores.
Adriano Tandela afirma que a paz do calar das armas, a semelhança da independência, na verdade foi um ganho, tendo em conta o ponto de vista histórico, porém, a paz que o povo necessita é aquela que gera desenvolvimento.
O sociólogo defende que em sociologia existe dois tipos de paz: positiva e negativa, e classificou a paz negativa como ausência da violência e do calar das armas, e considerou a positiva como aquela que gera progresso, justiça, e bem-estar na sociedade.
Porém, garantiu que Angola está distante para o alcance da paz positiva que os cidadãos tanto precisam, face a realidade política de Angola.
O homem da sociologia, recorreu as palavras do Papa Paulo VI, que defende o desenvolvimento como o novo nome que se atribui a paz.
O fim último da paz, consiste em proporcionar o bem-estar da população, acrescentou que a governação de Angola, tem de melhorar para o bem-estar social, há muitas lacunas em diversos sectores como: Saúde, Edução, Saneamento básico e outros.
“Realmente o calar das armas trouxe um crescimento no que concerne as instituições académicas, hospitalar e outras, todavia, necessitamos ter desenvolvimento, porque o crescimento é um fenómeno quantitativo, e o desenvolvimento considera-se como qualitativo, logo, por mais que tenhamos muitas escolas e hospitais, precisamos de melhorar a qualidade no atendimento” lembrou.
“Não se entende hoje, como os angolanos testemunham mortes às portas dos hospitais”, deplorou.
A realidade política de Angola precisa de ser melhorada
O profissional disse, deve-se melhorar as políticas do país, porque actualmente verifica-se muitas mortes nos hospitais, e o fraco saneamento básico continua a ser um dos focos para o fomento de doenças como malária que constitui a principal causa de morte em Angola.
“Falta aqui vontade política das autoridades governamentais no desenvolvimento de acções que visam fazer face a esse grave problema”, considerou.
O Sociólogo reconhece que a rede sanitária regista um crescimento a nível do país mas a qualidade nos serviços está ainda distante do desejado. Referiu que o governo deve apostar na juventude para os novos desafios e lança um apelo as autoridades, a fim de melhorar o sistema de ensino e o atendimento nos hospitais, e considera uma situação antiga que se arrasta até aos dias de hoje e que requer solução por parte do governo.
Alega o fraco investimento do governo em vários sectores com principal motivo do sofrimento dos angolanos e garante ser impercebível, um país que está em paz ainda vivencia intolerância e situações de exclusão social. Certifica que todo o cidadão formado poderia contribuir para o desenvolvimento da pátria, com intuito de inverter a realidade caótica que a população enfrenta.
A inclusão de todos para o desenvolvimento da terra dos angolanos, considerou ser de extrema importância.
Escravaturas moderna
De acordo com o especialista em Sociologia, ainda observamos situação de escravatura em algumas empresas, sobretudo de origem chinesa, onde os trabalhadores auferem salários ínfimos. Falta aqui rigorosidade e eficácia do governo na fiscalização e punição.
“Os jovens que trabalham nestas empresas são explorados, isto aumenta o nível de miséria, e não conseguem realizar as suas necessidades”, lamentou.
Adriano Tandela mencionou, que a fiscalização de Angola trabalha, no entanto, não com rigor para estancar as vicissitudes de diferentes instituições empresariais, pois, os problemas são constantes.
Entende que o governo angolano deve abrir mãos as outras iniciativas, a fim de proporcionar oportunidades para os jovens, investir nas escolas e garantir um atendimento humanizado nos hospitais.
Adriano Tandela recorreu as palavras de Karl Marx: “uma sociedade desenvolve quando se reduz os privilégios”, citou.
“Somos todos angolanos devemos usufruir dos nossos direitos, para darmos saltos significativos, com a finalidade de haver um clima de segurança e paz”, sublinhou.
O especialista apontou de forma clara que em qualquer sociedade, o que causa desenvolvimento na verdade é alternância, e a paz constitui uma mudança social positiva, sobretudo refere aquela que melhora o estado actual em relação ao anterior, e fez um reparo dos 23 anos de paz, mas quase nada alterou. Entende que dentro das ciências e teorias sociais o normal seria abraçar alternância, para caminhos ou vias democráticas, por que a população esta havida das autarquias.
A segurança pública em Angola
Adriano Tandela defende que a segurança pública em Angola, necessita de ser controlada, por ser um caso lamentável, pois os factos mostram que devem ser melhorados, por uma segurança “segura”, e sublinhou que em Luanda, os assaltos decorrem a luz do dia, e nas vias públicas.
Segundo Tandela em Angola a cultura de paz ainda está muito a quem do esperado sobretudo na política.
Ecumenismo
Para o especialista que falava em entrevista ao Portal de Notícia Ponto de Situação, a paz no âmbito religioso ganhou notoriedade, ora, para os políticos ainda está distante da realidade. A título de exemplo afirmou que não se percebe, 23 anos passados ainda, não se reconhece os indivíduos que contribuíram para Independência, por não estarem ligados ao partido que governa.
“A reconciliação não está a ser abraçada, e que as pessoas de direito possam constar na lista dos condecorados independentemente da cor partidária”, referiu.
Aos angolanos apelou à construção da paz, por ser um processo, e os governantes precisão mais do que ver na coesão ideológica, devem pensar no bem comum, para o benefício da população, porque o país, está a cima de qualquer interesse, “devemos segurar a causa pois, o fim sempre é o bem comum”.
E considera a corrupção, como um obstáculo para o desenvolvimento, e argumenta que este fenómeno, existe em vários sectores, e está dividido em vários escalões, “visível, na via pública entre o taxista e o agente regulador de trânsito, e está na escola”, concluiu.
Leia mais em: OPORTUNIDADE DADA E AGORA?
Redacção Ponto de Situação