
ORIGEM DAS ARMAS QUE PARAM NAS MÃOS DOS MARGINAIS E SEGURANÇAS
REVELAÇÃO DE UM NEGÓCIO OBTIDO DE FONTES ILÍCITAS
O Director Operativo de uma das empresas de Segurança, revelou que grande parte das armas existentes nas instituições deste sector, foram adquiridas de fontes ilícitas, locais, onde alguns marginais também as compram e alerta que muitas empresas, poderão fechar as portas, face aos preços elevados para aquisição do novo modelo, exigido pelas autoridades.
As empresas de Segurança do sector privado, deixam definitivamente de utilizar armas de guerra até 5 de março, em substituição com as orgânicas, com realce para espingardas e pistolas semiautomáticas de calibre superior a 6.75 mm, permitidos por lei.
A informação, foi tornada pública recentemente pelo Director-Adjunto da Direcção de Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional, Subcomissário Mateus Rodrigues, que prevê nesta fase, a recolha de mais de 40 mil e 490 armas.
Nesta senda, o Director Operativo de uma das empresas de Segurança, contactado pelo Ponto de Situação, sob anonimato, garantiu que a medida vai trazer várias desvantagens para as empresas deste sector.
A fonte revela que as armas orgânicas, não têm a mesma capacidade, que uma “AKA” e aponta desvantagens, para neutralizar um marginal que traga armamento com potência superior a da Operativo.
A outra desvantagem enumerada, está no valor da sua aquisição ( por exemplo a espingarda) no mercado angolano, cujos pontos de venda, ainda são reduzidos, que não ultrapassam o número de dez estabelecimentos.
Por exemplo, uma espingarda de 12 calibre, chega a custar entre 570 a 580 mil kwanzas. Esta, pode ser confundida com AKA, para quem não tem muito domínio da tipologia de armas, conta a nossa fonte.
“Já os outros tipos de caçadeiras, que o delinquente que conhece arma, não sente medo, está a sair a 450 mil kwanzas e podemos ainda encontrar a 340 ou 350 mil kwanzas”, declarou o Director Operativo, que estamos a citar, cuja empresa fornece profissionais em muitos clientes.
A pesar de reconhecer que as autoridades deram o tempo suficiente para as empresas efectuarem a troca das armas, conta que, com este valor praticado no mercado, não ajuda a maioria dos responsáveis adquirem os materiais exigidos.
Olhando para a realidade da empresa que representa, com vários postos no mercado angolano, disse não ser fácil a substituição para as exigidas pelas autoridades.
ALGUMAS PODEM FECHAR AS PORTAS
Perante este cenário, da troca de armas, suspeita-se que algumas empresas de segurança, podem encerrar ou terminar contratos com alguns clientes, face aos custos com a sua substituição.
Sobre os contratos com os clientes, o entrevistado, disse que varia por homem, entre 60 a 80 mil kwanzas, a pesar de reconhecer que existe outros que pagam valores superiores a este e o dinheiro conseguido, não facilita para a compra de armas da natureza actual.
Comparativamente a uma AKA, cuja utilização está proibida para o uso dos Seguranças, por serem armas de guerra, confessa que, conseguiam adquirir cada, entre 50, 60 e a mais cara a 100 mil kwanzas.
“Eu que comprava neste valor, para adquirir actualmente uma espingarda, a 450 mil kwanzas ou mais, onde vou parar ?”, questiona a fonte.
Questionado se eram novas, as armas do tipo AKA, que se referiu que comprava entre 50 a 100 mil kwanzas, respondeu ser segunda mão, pois as novas encontram-se somente nas mãos do Estado.
ONDE COMPRAVAM AS ARMAS DE GUERRA?
Ao longo da entrevista, um detalhe chamou a nossa atenção, procuramos saber, onde adquiriam as armas, segunda mão, para os “Operativos”, como também são chamados os profissionais da área de segurança. Com rodeios, respondeu, “em fontes ilícitas”.
Fomos mais a fundo, para saber das razões, a nossa fonte, disse que desde 1992, altura em que surgiu uma das leis, que regula o funcionamento das empresas de segurança, o Estado nunca identificou uma loja onde teriam de comprar as armas de guerra utilizadas pelos Seguranças durante anos.
“É sempre em fontes ilícitas”, avançou.
Em seguida, questionamos: onde exactamente as compravam?
Por alguns instantes, manteve o silêncio e recusou-se a dizer, alegando, ser segredo, mas, garantiu por um deslize, que “nas mesmas fontes onde as empresas de segurança, conseguem as armas, é na mesma fonte onde os marginais também obtêm”.
Insistimos, de modo a obtermos mais detalhes, o Director Operativo com quem mantivemos o contacto, deixou a outra pista, segundo a qual, os delinquentes muitas vezes roubam nas empresas de segurança, retiram da mão da polícia e “depois volta novamente nas mãos das empresas de segurança”.
Com objectivo de obtermos mais detalhes sobre este assunto, que suscitou a nossa curiosidade, contactamos várias fontes da polícia, somente uma, aceitou dar alguns detalhes ao Ponto de Situação, sobre a forma como muitas empresas de segurança e marginais, adquiriam o armamento.
O interlocutor, revelou que muitos responsáveis obtinham com maior ou menor facilidade, “nos armeiros das Forças Armadas e nas esquadras da polícia, com a simulação de roubo ou furto”.
Por outro lado, a nossa fonte avançou ainda, que certos marginais e proprietários de empresas de segurança, obtém das mãos dos militares e polícias expulsos e licenciados, que têm estes meios em suas residências e reforçou que os preços, não são tão altos, como se imagina.
Por outro lado, na Conferência de Imprensa, recentemente realizada pela Polícia Nacional, o Subcomissário Mateus Rodrigues, disse que a proibição do uso de armas de guerra por parte destas empresas, deve-se também ao facto de janeiro de 2024 a fevereiro de 2025, estas instituições, perderem um número de 254 armas, que possivelmente terá parado nas mãos dos marginais.
Sobre estas declarações, o Director Operativo, que estamos a citar, disse ser um facto, mas trouxe um outro detalhe, que não são somente as armas das empresas de segurança, que desaparecem e param nas mãos dos “homens do alheio”.
ARMADA RECOLHIDA-VALOR INVESTIDO PERDIDO
A fonte, disse que depois de recolhida a arma, ficam os prejuízos com a sua compra, por alegadamente, a comissão criada pela polícia, limitar-se a receber e “ponto final, sem retorno nenhum, dos valores gastos”.
“Recebem a arma ao segurança, levam, deixando o Operativo sem um meio bélico, com posto desprotegido, o que pode representar outro perigo, se surgirem bandidos”, revelou.
Em caso de resistência do Segurança em entregar a arma, também corre o risco de ser levado, por desobediência as autoridades.
ALERTA
Em jeito de recomendação, a nossa fonte, apelou maior reforço na fiscalização, de modo a evitar que haja agentes da polícia ou indivíduos que se fazem passar por efectivos da corporação e procederem a recepção das armas, para serem usadas para fins ilícitos.
O interlocutor, justifica que o risco é maior, por serem alertados pelas autoridades, para não fazerem resistência no acto da entrega, pese embora, tenham de assinar um documento.
“Se antes já apareciam polícias fantasmas que recebiam as nossas armas, na fase em que a recolha não era obrigatória, agora imaginem nesta fase!”, rematou o Director Operativo. O mesmo, exorta que no acto da recepção dos meios, deve haver calma e pedagogia por parte dos membros da Comissão de recolha de armamentos.
Pelo que apuramos, nesta altura o processo de recolha, está a ser feita a nível das farmácias, supermercados e centros de formação e posteriormente, em outras instituições.
Até ao fecho desta matéria, nesta quinta-feira, 27 de fevereiro, é visível muitos profissionais, a utilizarem as armas exigidas pelas autoridades, mas ainda, há locais, em que os Operativos, estão com as anteriores, numa altura em restam poucos dias, para a recolha de forma coerciva.
Recordar que, de acordo aos último dados apresentados pela Polícia Nacional, das 1.548 armas entregues voluntariamente, restavam um total de 40.494, que a operação prevê retirar destas empresas.
O Subcomissário Mateus Rodrigues assegurou que, foram autorizadas e formados armeiros e empresas para venda de armas adequadas e centros de formação profissional para treinamento dos agentes de segurança, em matérias de especialidade.
O também Director-Adjunto da Direcção de Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia, Mateus Rodrigues garantiu que os efectivos estão mobilizados a nível nacional, para o cumprimento da operação, ‘‘Recolha D’Armas de Guerra’’, no período estabelecido.
Na próxima matéria, traremos detalhadamente, os preços em que chegam a custar as armas autorizadas pelas autoridades, mediante os dados em posse do Ponto de Situação.
Redacção Ponto de Situação