
Problemática do aborto
ISCA DO MEIO DIA FIXADA NO ANZOL DE UM CONSULTÓRIO MÉDICO PARA REMOÇÃO DE UMA ALEGADA GRAVIDEZ
- por Redacção --
- Wednesday, 23 Apr, 2025
A equipa do Ponto de Situação, deslocou-se a um consultório médico, na zona da Fábrica de Blocos, na Vila do Gamek, em Luanda, fazendo-se passar de um casal jovem que procurava por profissionais para interrupção da gravidez e o resultado foi diferente do que se esperava.
O calendário marcava 22 de Abril de 2025, exactamente ao meio dia, sol intenso, rua pouco movimentada, caminhávamos ao cumprimento do trabalho planificado.
Avistamos um consultório médico. Aproximamos para colocar em prática o plano traçado. Chegamos ao local, batemos a porta e ninguém respondia.
Um jovem de motorizada parado de frente a instituição, disse-nos que bastava apenas entrar, e enquanto caminhávamos, reforçamos a estratégia para que não fossemos descobertos.
Lugar calmo, quase sem ninguém.
Estando no local, encontramos o médico trajado de bata branca conversando com um senhor. Saudamos, e é claro, que depois disto perguntou o que nos levou até lá. Como tinha mais alguém, respondeu que pretendíamos conversar em uma área mais restrita e o profissional aceitou.
O médico, fez questão de efectuar apresentação como mandam as regras, mas não vamos citar o nome.
Levou-nos a uma sala, onde ficamos apenas os três.
SEGUNDA PARTE
Aqui, começou um outro capítulo.
O médico perguntou novamente o que queríamos, foi então que começamos por explicar que éramos um casal de namorados, cuja relação resultou em uma gravidez de algumas semanas, mas não estávamos preparados para ter este filho, e por isso a intenção de ser abortado.
O médico, já de idade, sorriu, fixando o seu olhar ao suposto casal de namorados, que na verdade, éramos simplesmente colegas, mas tudo foi feito, para que não fossemos nós a cair na isca que estávamos a lançar.
Logo respondeu que o centro não faz este tipo de procedimento, por ser crime e que não aconselha ninguém a fazê-lo, cujos danos podem ser maiores, levando até a morte.
Quando o médico perguntou porque é que optamos por este fim, a resposta já estava devidamente ensaiada e naquele momento não podia falhar de certeza. Todavia, dissemos que a vida está muito difícil, pois somos apenas namorados e uma criança nesta altura atrapalharia os planos pessoais.
Em resposta o médico, falou que a vida nunca foi fácil para ninguém, e que mesmo no tempo em que ele era jovem, havia casais que almejavam coisas grandes, mas nem por isso optaram por abortar.
O diálogo parecia de um pai, sentado com os filhos, de modo a orientá-los dos passos seguros da vida.
QUARTA PARTE
‘‘Há umas semanas, recebemos aqui no posto uma senhora que queria desfazer-se de uma gravidez, alegando que o marido não quer aceitar, pelo facto de terem um filho de 2 anos, e eu aconselhei a não abortar, assim como estou fazendo com vocês’’, disse o ancião, com um ar de preocupado, da decisão que se estava a tomar.
O especialista prosseguiu, dizendo que sabe que muitos jovens querem estudar e trabalhar para darem melhores condições aos filhos, mas esquecem-se que têm de prevenir-se contra uma gravidez indesejada, e quando assim não acontece o resultado é aquele que não se espera, ‘‘portanto recebam esta dádiva de Deus que está à caminho’’.
Depois destas palavras, respiramos fundo, olhamo-nos cabisbaixos e com um rosto de tristeza, mantivemos o silêncio.
O cruzar do olhar, era para tentarmos ver uma estratégia para a reversão do quadro, por isso, não soltamos naquele instante nenhuma palavra sequer, aguardando mais um passo do profissional, que escapava da isca que estava no anzol.
O médico, alertou-nos também sobre os métodos para evitar gravidez indesejada e o consequente aborto.
‘‘Hoje em dia existem muitas formas de evitar essas situações, usando preservativo, as pilulas, adesivos, injeções, dispositivos intrauterinos, coito interrompido ou mesmo a abstinência sexual para o caso daqueles que são apenas namorados como vocês’’, prosseguiu.
Insistimos, que estávamos dispostos avançar para a remoção, mas dada a teimosia, mexeu várias vezes a cabeça, em jeito de lamentação. Daí, avançou com a sua última cartola.
‘‘Vão para casa e reflitam bem sobre esta decisão’’, finalizou o médico.
Agradecemos o conselho, despedimo-nos, com semblante triste, caminhando com passos lentos e no final, depois de deixarmos o perímetro, veio o momento de gargalhadas e reflexão, que terminou na redacção.
Profissionais como este não encontramos em todos os lugares, por isso, merece a vénia de todos e deve ser um modelo a seguir.
De lembrar que esta semana publicamos uma matéria sobre um alegado enfermeiro, que é considerado culpado pela morte de uma cidadã, em Luanda, depois de ser solicitado para ajudar na interrupção clandestina de uma gravidez.
O cidadão de 62 anos é acusado de exercício ilegal da profissão e tem sido presumivelmente solicitado para ajudar gestantes a cometerem aborto.
O trabalho, foi desenvolvido no interior da sua residência, local onde supostamente já realizou serviços do género, sendo que há 2 anos, uma cidadã também terá perdido a vida nas mesmas condições.
Detido há 18 deste mês, o implicado neste crime, poderá responder a qualquer momento pelas acusações que pesam sobre si.
Referir que tem sido frequente, situações desta natureza a nível do país.
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Redacção Ponto de Situação