Mito ou verdade?

CONSEQUÊNCIAS PARA A VIDA SENTIMENTAL DA IRMÃ MAIS VELHA QUANDO A MENOR MANTE PRIMEIRO

Cidadãos em Luanda afirmam que, segundo a tradição angolana, quando uma irmã mais nova mante antes da mais velha, pode causar atrasos na vida sentimental da adulta e o mesmo pode acontecer com os rapazes.  

Reza a história que, em diferentes culturas e famílias, existem tradições distintas, e muitos acreditam na sua realização. Outros preferem depositar a sua crença num ser sobrenatural.

É comum, em Angola, ouvir relatos de pessoas que alegam a existência de consequências severas para as irmãs mais velhas ou para os irmãos adultos quando os mais novos mantêm uma relação conjugal primeiro, ou seja, passam a viver com o cônjuge sob o mesmo teto.

Afinal, será esta teoria verídica ou apenas um mito que tem sido alimentado ao longo dos anos e transmitido de geração em geração?

Nesta senda, a equipa de reportagem do Ponto de Situação saiu às ruas da capital para ouvir diferentes opiniões e perceber até que ponto esta crença corresponde à realidade.

Ouvimos, inicialmente, Enrique Mateus, de aproximadamente 50 anos, residente no município da Maianga. O cidadão acredita que se trata de um facto real. Do seu ponto de vista, quando uma irmã mais nova inicia a vida conjugal antes da mais velha, isso pode acarretar dificuldades para que a adulta consiga um marido. Segundo o entrevistado, o mesmo também se aplica aos rapazes.

Enrique Mateus afirma ter testemunhado um caso na família de um amigo, em que o filho mais novo engravidou uma rapariga antes do primogénito.

Para evitar consequências mais graves, foi aconselhado a chamar os dois filhos, de modo a que o mais novo pedisse desculpas ao mais velho, entregando-lhe um valor simbólico por ter “avançado” primeiro. Desta forma, acredita-se que se quebra o mal na vida do irmão mais velho.

Com um sorriso no rosto, Enrique Mateus contou que, antes deste episódio, não acreditava nessa crença,  até testemunhar de perto a situação.

“Devemos obedecer às tradições”, aconselhou.

Para muitos, a tradição é real; para outros, não passa de um mito herdado dos antepassados, supostamente criado para promover o respeito entre os mais novos e os mais velhos.

Segundo Otília Antunes, moradora do município do Kilamba Kiaxi, a questão não passa de um mito transmitido pelos antepassados.

Para a entrevistada, há casos em que a irmã mais nova pode iniciar um relacionamento primeiro e absolutamente nada do que se diz venha a acontecer.

“Para mim, iniciar um relacionamento depende muito do momento de cada um, e isso não pode causar consequências a ninguém”, disse, acrescentando que ninguém nasce para morrer sem cônjuge.

Otília Antunes disse ser prova viva disso. Conta que o seu irmão mais novo iniciou um relacionamento primeiro e, posteriormente, ela seguiu o mesmo caminho com normalidade, sem que houvesse necessidade de realizar qualquer ritual.

Florencia Luciano, de 32 anos, moradora do Morro Bento, disse já ter testemunhado, mas não acredita em factos desta natureza.

A mesma relata já ter ouvido casos do género em pedidos e apresentações familiares. Garante que se trata de um caso recente, em que a sua prima teve que entregar 200 kwanzas ao irmão por ter iniciado um relacionamento primeiro.

“Isso é incorreto”, avançou num clima de lamentações.

Baseando-se na crença em Cristo, afirma que, para os seus seguidores, nada pode assustá-los e defende que as tradições devem ser deixadas de lado, para que se sigam apenas os ensinamentos ligados ao cristianismo.

“Quem é nova criatura não tem nada haver com as coisas do mundo”, rematou.

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Redacção Ponto de Situação

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