“Por favor, deixem de andar a altas horas da noite!”

VÍTIMA DE ABUSO SEXUAL CONVIVE COM TRAUMA HÁ SETE ANOS

Sete anos depois de sofrer abuso sexual, no município do Cazenga, em Luanda, uma cidadã ainda luta diariamente com os traumas deixados pelo crime.

Por: Angelino Katchama

Imagem: DR/Ponto de Situação

D.P.S. (nome fictício), hoje com 22 anos, recordou, em exclusivo ao Ponto de Situação, a noite fatídica em que, aos 17, foi abusada sexualmente por marginais, num episódio marcante da sua adolescência.

Segundo relata, eram cerca das 23h00 e as ruas do bairro Terra Vermelha, no município do Cazenga, encontravam-se desertas. Caminhava sozinha, com o objectivo de regressar a casa, quando foi surpreendida por um grupo de jovens.

De cabeça baixa e com o rosto marcado pela dor, D.P.S. revelou que tudo aconteceu quando saía da festa de uma amiga.

“A caminho de casa, vi dois jovens que me seguiam e que insistiam para que eu parasse. Com medo, continuei a andar. Eles aproximaram-se e obrigaram-me a dar tudo o que tinha. Dei, e, mesmo assim, rasgaram a minha roupa”, contou a nossa fonte.

“Eu gritava, mas ninguém me ouvia”, lamentou, sempre com o olhar voltado para baixo.

De acordo com a jovem, naquele dia estava embriagada,  quando de repente pegaram-na no postiço, ao ponto de ser arrastada até a um beco. O pior estava por acontecer. Num local sem iluminação, foi forçada a “fazer sexo com eles durante muito tempo”.

D.P.S disse que desmaiou. Quando despertou estava sem roupa e os abusadores já haviam se retirado.

A lesada contou ainda que, após ser violentada, recorreu a sacos para se cobrir, a fim de chegar em casa, onde vivia com os pais.

A ofendida disse que foi levada pelos familiares ao hospital para receber os primeiros socorros. Fez os devidos exames, e os resultados mostraram que não havia sido contaminada por nenhuma doença sexualmente transmissível.

As voltas que a vida dá: o encontro inesperado

Na noite da violação, conseguiu fixar o rosto de um dos jovens.  Anos depois, deparou-se no mercado com um dos possíveis violadores, fez a denuncia e o mesmo foi detido.

"Dois meses depois, declara que ficou surpreendida ao ver um dos acusados solto. “Fiquei em choque. Depois soube que os seus pais pagaram para retirá-lo da cadeia”, lamentou."

D.P.S. disse que preferiu não avançar com o processo-crime, por ter perdido a esperança de que o caso teria um desfecho a seu favor.

Apesar de terem passado sete anos, a cidadã conta que ainda chora de vez em quando ao lembrar do momento triste que viveu. Confessa que, nos primeiros tempos, frequentou a Igreja com maior regularidade, o que a ajudou a amenizar as memórias daquele dia ‘ruim’ da sua vida, como fez questão de sublinhar várias vezes durante a entrevista.

Com um pé fora da igreja, tenciona retomar a frequência, pois, em alguns momentos, os pensamentos voltam para a noite da agressão sexual e a fazem chorar.
A cristã agradece a Deus por ter uma família sólida (marido e filhos) e por não ter contraído uma doença sexualmente transmissível.
“Por favor, deixem de andar a altas horas da noite”, aconselhou.

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Redacção Ponto de Situação

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