
“Por favor, deixem de andar a altas horas da noite!”
VÍTIMA DE ABUSO SEXUAL CONVIVE COM TRAUMA HÁ SETE ANOS
- por Redacção --
- Monday, 26 May, 2025
Sete anos depois de sofrer abuso sexual, no município do Cazenga, em Luanda, uma cidadã ainda luta diariamente com os traumas deixados pelo crime.
Por: Angelino Katchama
Imagem: DR/Ponto de Situação
D.P.S. (nome fictício), hoje com 22 anos, recordou, em exclusivo ao Ponto de Situação, a noite fatídica em que, aos 17, foi abusada sexualmente por marginais, num episódio marcante da sua adolescência.
Segundo relata, eram cerca das 23h00 e as ruas do bairro Terra Vermelha, no município do Cazenga, encontravam-se desertas. Caminhava sozinha, com o objectivo de regressar a casa, quando foi surpreendida por um grupo de jovens.
De cabeça baixa e com o rosto marcado pela dor, D.P.S. revelou que tudo aconteceu quando saía da festa de uma amiga.
“Eu gritava, mas ninguém me ouvia”, lamentou, sempre com o olhar voltado para baixo.
De acordo com a jovem, naquele dia estava embriagada, quando de repente pegaram-na no postiço, ao ponto de ser arrastada até a um beco. O pior estava por acontecer. Num local sem iluminação, foi forçada a “fazer sexo com eles durante muito tempo”.
D.P.S disse que desmaiou. Quando despertou estava sem roupa e os abusadores já haviam se retirado.
A lesada contou ainda que, após ser violentada, recorreu a sacos para se cobrir, a fim de chegar em casa, onde vivia com os pais.
A ofendida disse que foi levada pelos familiares ao hospital para receber os primeiros socorros. Fez os devidos exames, e os resultados mostraram que não havia sido contaminada por nenhuma doença sexualmente transmissível.
As voltas que a vida dá: o encontro inesperado
Na noite da violação, conseguiu fixar o rosto de um dos jovens. Anos depois, deparou-se no mercado com um dos possíveis violadores, fez a denuncia e o mesmo foi detido.
D.P.S. disse que preferiu não avançar com o processo-crime, por ter perdido a esperança de que o caso teria um desfecho a seu favor.
Apesar de terem passado sete anos, a cidadã conta que ainda chora de vez em quando ao lembrar do momento triste que viveu. Confessa que, nos primeiros tempos, frequentou a Igreja com maior regularidade, o que a ajudou a amenizar as memórias daquele dia ‘ruim’ da sua vida, como fez questão de sublinhar várias vezes durante a entrevista.
Com um pé fora da igreja, tenciona retomar a frequência, pois, em alguns momentos, os pensamentos voltam para a noite da agressão sexual e a fazem chorar.
A cristã agradece a Deus por ter uma família sólida (marido e filhos) e por não ter contraído uma doença sexualmente transmissível.
“Por favor, deixem de andar a altas horas da noite”, aconselhou.
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Redacção Ponto de Situação