FOI A ENTERRAR O SEGURANÇA MORTO À FACADA SUPOSTAMENTE PELO PATRÃO

Já repousam no Cemitério do Benfica, em Luanda, os restos mortais de António Coque Kuituca, o jovem segurança que terá sido mortalmente esfaqueado pelo seu patrão no interior da residência onde trabalhava, situada na zona do Benfica.

FOI A ENTERRAR O SEGURANÇA MORTO À FACADA SUPOSTAMENTE PELO PATRÃO

Na manhã desta quarta-feira, 23 de Julho, familiares, amigos, vizinhos e demais cidadãos que conheceram o malogrado reuniram-se para prestar a última homenagem ao jovem assassinado na madrugada de quarta-feira, 16 de Julho.

Nascido a 23 de Dezembro de 1994, no município de Cangola, Alto Cauale, província do Uíge, António era casado desde 18 de Dezembro de 2020. Deixa um filho e uma esposa grávida.

As primeiras versões sobre o crime sugeriam uma possível disputa relacionada com a venda de uma casa. Contudo, em declarações ao Portal Ponto de Situação, uma fonte familiar garantiu que essa versão ainda não está confirmada. A família exige o total esclarecimento do caso e que o presumível autor do homicídio seja responsabilizado judicialmente.

Indícios e descrição do crime

De acordo com relatos recolhidos junto de familiares e colegas, há fortes indícios de que o crime terá ocorrido no quintal da residência do alegado autor do homicídio.

Informações preliminares indicam que António Coque foi inicialmente agredido com diversos objectos, entre eles um bloco e um manguito, antes de ser esfaqueado nas regiões do pescoço, olhos e orelha.

Com o intuito de ocultar o crime, o acusado terá usado uma mangueira de alta pressão para lavar os objectos utilizados e a área afectada. No domingo, 20 de Julho, um familiar da vítima, que pediu anonimato, revelou que, segundo contacto com funcionários da empresa de segurança onde António trabalhava, o corpo apresentava sinais de ter sido lavado para eliminar vestígios de sangue, indicando possível tentativa de ocultação do homicídio.

“Partiu os membros superiores do nosso familiar e colocou-os dentro da banheira, na casa de banho”, denunciou a fonte.

Um plano possivelmente premeditado

A mesma fonte revelou que António Coque teria sido convidado pelo patrão,  para uma viagem a uma província do país, agendada para o dia 1 de Agosto. A família acredita que essa deslocação poderia ter sido o momento escolhido para consumar o crime, de forma a não deixar rasto.

A notícia da sua morte só chegou à família na sexta-feira, 18 de Julho, após colegas de trabalho iniciarem buscas no bairro, munidos de uma fotografia do malogrado, na tentativa de localizar os familiares. Testemunhos indicam que o acusado terá permanecido com o corpo até à tarde de quinta-feira, 17 de Julho, altura em que foi detido pelas autoridades.

Segundo o familiar entrevistado, o acusado tinha por hábito dormir durante o dia e circular à noite. Na manhã do crime, a empregada doméstica foi impedida de entrar na residência, tendo sido instruída a regressar a casa. Esta informação terá sido recolhida pela empresa de segurança, com base em relatos de vizinhos.

Relatos adicionais indicam que, durante a madrugada do homicídio, António Coque ainda gritou por socorro. Um vizinho terá alertado a polícia, mas não obteve resposta imediata. Pouco depois, o silêncio absoluto na residência deixou no ar o pressentimento do pior.

A empresa onde o malogrado trabalhava tentou, sem sucesso, contactar o acusado. Já o número de António ainda tocava. Perante o silêncio, a empresa notificou as autoridades. Quando efectivos da Direcção de Investigação de Ilícitos Penais (DIIP) chegaram ao local, encontraram o corpo da vítima escondido na casa de banho.

António Coque era tido como segurança pessoal de Utana, acompanhando-o inclusive a estabelecimentos nocturnos, como discotecas. Informações preliminares sugerem que o crime poderá ter contado com a colaboração da mãe do suspeito, alegadamente envolvida na eliminação de vestígios. A mesma encontra-se também detida.

Após a detenção, o suspeito foi conduzido à DIIP do Benfica, tendo depois sido transferido para o Comando Municipal de Talatona, e mais tarde para as instalações do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Luanda, onde permanece sob custódia.