MENSAGEM À NAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA SOBRE OS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS EM ANGOLA

Acompanhe, de seguida, a mensagem à Nação proferido pelo Presidente da República, João Lourenço, esta sexta-feira, 1 de Agosto, sobre os últimos acontecimentos em Angola.

Leia na íntegra a mensagem do Presidente da República, dirigida a nação.

“ Angolanas e Angolanos,

   Caros Compatriotas,

No início desta semana, durante cerca de dois dias, o país viveu momentos de angústia com os tumultos ocorridos cujo epicentro foi a cidade de Luanda.

A greve e as manifestações são direitos dos cidadãos consagrados na Constituição e na Lei, quando elas se realizam com o fim único de reclamar direitos ou protestar contra eventuais incumprimentos ou violações desses direitos por parte dos poderes públicos ou entidades patronais.

O que assistimos desde segunda-feira foram actos premeditados de destruição de património público e privado, assalto e pilhagem de estabelecimentos comerciais, ameaças e coacção a pacatos cidadãos para não circularem, não se apresentarem ao trabalho mesmo usando meios próprios de locomoção e não sendo taxistas, única classe que declarou greve.

Isto é grave, isto é crime punível e condenável!

Evidentemente que as forças da ordem actuaram no quadro das suas obrigações e, por isso, a ordem foi prontamente restabelecida, a vida voltou ao normal mas as consequências dos actos protagonizados por cidadãos irresponsáveis manipulados por organizações antipatriotas nacionais e estrangeiras através das redes sociais, trouxe o luto, a destruição de bens públicos e privados, a redução da oferta de bens essenciais e de serviços às populações e o desemprego dos angolanos que trabalhavam nesses estabelecimentos comerciais.

Condenamos veementemente tais actos criminosos, lamentamos a perda de vidas humanas e aproveitamos a oportunidade para expressar, no nosso nome e no do Executivo angolano, os nossos mais profundos sentimentos de pesar a todas as famílias enlutadas e votos de rápidas melhoras aos feridos como consequência dos tristes acontecimentos.

Dirigimos os nossos agradecimentos às forças da ordem, aos órgãos da justiça, aos profissionais da saúde, que prontamente atenderam os feridos nas nossas unidades hospitalares com o fito de salvar vidas, aos partidos políticos, igrejas, organizações da sociedade civil e todos quantos, de forma clara e sem ambiguidade, se pronunciaram publicamente, condenando a barbárie que assistimos nestes dias.

Vinte e três anos depois do fim do conflito armado e no ano em que o país comemora 50 anos da proclamação da sua Independência Nacional, não podemos aceitar nem tolerar mais dor e luto entre os angolanos.

Compreendemos que temos ainda muitos problemas sociais por resolver, o Estado está a fazer o seu melhor, investindo na área social, na saúde, educação, habitação e criação de emprego, com a admissão massiva de profissionais da saúde, da educação, com a formação profissional e com as grandes obras públicas  de construção de infra-estruturas rodoviárias, portuárias, aeroportuárias, de energia e de água,  particularmente das grandes barragens do programa de combate aos efeitos da seca no sul de Angola, no Cunene, Huíla e Namibe, que absorvem muita mão de obra proveniente de todo país.

As obras de construção de infra-estruturas nas novas províncias vão igualmente oferecer emprego a milhares de jovens que se interessem pelo trabalho. O Estado não pode ser o único empregador, contamos também com o sector privado, o cooperativo e com o autoemprego que, justiça seja feita, têm feito também o seu melhor no que diz respeito à oferta de postos de trabalho.

Os actos de vandalismo contra empresas e estabelecimentos comerciais de privados, só vêm desencorajar o investimento privado e, com isso, reduzir a oferta de bens e serviços e de emprego para a nossa população, por isso esses actos ocorridos só podem ser entendidos como actos de sabotagem à economia, com vista a agravar ainda mais a situação social que vivemos.

O Executivo angolano decidiu aprovar, já na segunda-feira próxima, medidas de apoio às empresas atingidas pela onda de vandalismo, com vista à mais rápida reposição de stocks e manutenção dos postos de trabalho ameaçados.

Este episódio só vem confirmar que a educação dos nossos filhos, dos jovens que serão as mulheres e homens do amanhã, não está nas plataformas e redes sociais que não tem rosto nem identidade, mas na família, na escola e na comunidade comprometida com o presente e o futuro de Angola.

Por isso devemos concluir que o Estado, a família, as igrejas e as organizações da sociedade civil têm ainda muito trabalho por fazer nos domínios da educação cívica, moral e académica dos nossos adolescentes e jovens.

Quem quer que seja que tenha orquestrado e conduzido esta ação criminosa, saiu derrotado e ajudou-nos a todos, ao Executivo e à sociedade, a tomar medidas preventivas e melhores formas de reagir em caso de reincidência, com vista a minimizar os danos sobre as pessoas e o património.

VIVA ANGOLA!”