TARRAXINHA: COM QUEM DANÇAR?
Alguns cidadãos consideram a tarraxinha como uma dança imoral, desrespeitosa e inapropriada, enquanto outros entendem que não representa qualquer tipo de imoralidade.

Esta dança típica angolana movimenta pessoas de diversas idades, géneros e etnias.
Questionámos vários interlocutores sobre com quem dançar e qual seria a reacção caso encontrassem o parceiro ou parceira “tarraxando” com outra pessoa. As opiniões foram divergentes.
Um deles foi Sírio Cosmo, que afirmou não gostar muito de dançar, seja qual for o estilo, e, por isso, não sabe se dançaria, por ser uma dança muito íntima e considera que não seria correcto a sua parceira dançar com outro homem.
“A tarraxinha é uma dança que põe em contacto o corpo do homem e da mulher, e, querendo ou não, surgem ali desejos sexuais. Isso é perigoso e desrespeitoso para quem dança com alguém que não seja o seu parceiro ou parceira. Para mim, é também uma forma de traição”, afirmou Sírio.
Acrescentou ainda que, na sua visão, a sociedade está a normalizar tudo.
Já Isaura Esteves, com um sorriso no rosto, explicou que dançaria se soubesse, pois, acha a dança muito divertida. Se encontrasse o seu parceiro a dançar com outra, consideraria normal.
Teresa Ramos afirmou que dançaria apenas com o seu parceiro. Acrescentou que é uma dança muito sensual e que não é aconselhável dançar com qualquer pessoa.
“Não dá para andar a passar pela mão de qualquer um e se o meu parceiro estivesse a dançar com outra, eu faria uma grande confusão e punha em risco o nosso relacionamento”, alertou.
Com cerca de 50 anos, Dona Joana salientou que a juventude de hoje “não tem juízo” e que esta não é dança para uma pessoa com decência.
“Se eu encontrasse a minha filha nessas danças, apanhava umas boas mangueiras, a ver se entrava nos eixos”, confessou.
“A tarraxinha é uma dança bué fixe, mas, isso de a minha dama dançar com outro, wi, não vai dar certo. Não vai mesmo acabar bem”, disse Zé Bob, um dos vários entrevistados que descorda que a companheira “tarraxe” outra pessoa.
Albertina Domingos, de 25 anos, disse que não dançaria esse estilo, por ser demasiado sensual para o fazer em público. Afirmou que não se exporia dessa forma e que, em nenhuma circunstância, aceitaria ver o seu parceiro a dançar com outra mulher.
“Esta dança não é apenas sensual, é também sexual. Imagina o positivo e o negativo a roçarem-se repetidamente, no que é que isso vai dar? Esta dança remete qualquer pessoa para o sexo”, sublinhou.
Já André, por sua vez, disse gostar muito da dança e afirmou não ter problema em dançar com outras mulheres que não sejam a sua parceira, alegando que “ela já sabe, e não se chateia com isso.
Pelo que apuramos, a dança terá surgido em Angola na década de 90. Entre as suas características, destaca-se os movimentos lentos, sensuais e "gingados", sendo muitas vezes descrita como "junta" ou "apertada".
LEIA TAMBÉM: CONFLITO DE OPINIÕES EM TORNO DA COCEIRA NAS MÃOS COMO SINAL DE QUE VAI RECEBER DINHEIRO