ADOLESCENTES ACUSADAS DE CONTRIBUIR PARA O AUMENTO DA CRIMINALIDADE

Residentes do bairro Buraco-1, na Vila da Gamak, em Luanda, denunciam que os filhos estão a ser influenciados negativamente por adolescentes envolvidas em práticas criminosas.

Durante o dia, o bairro aparenta alguma tranquilidade. Contudo, segundo os moradores, à noite o cenário muda: o movimento torna-se inquietante e, por vezes, perigoso.

Trata-se de uma zona onde, em tempos de chuva, os residentes são muitas vezes forçados a abandonar as suas casas, devido às más condições de habitabilidade.

Helena (nome fictício) relata que a criminalidade tem vindo a agravar-se, atribuindo esse aumento à presença de “meninas que namoram com jovens ladrões de outros bairros”. Segundo a mesma, essas adolescentes têm sido o principal factor da presença de delinquentes no bairro.

“Antes, quando os marginais não frequentavam a zona, vivíamos com mais tranquilidade. Agora, com esses eventos constantes e a presença cada vez mais visível das raparigas, os homens, em especial os marginais,  passaram a circular por aqui com frequência”, desabafou.

Uma fonte local, que preferiu o anonimato, afirma que algumas adolescentes têm agido em conivência com grupos criminosos, auxiliando na identificação de alvos e zonas para assaltos nos bairros circunvizinhos, em troca de pagamentos simbólicos.

Um ancião da comunidade, natural da Baía Farta, Benguela, e residente no Buraco-1 há mais de dez anos, confirma esta realidade e lamenta o rumo que a juventude do bairro tem tomado.

“Estamos à espera de mudança, mas ela tarda a chegar”, afirmou, com voz cansada.

A nossa equipa tentou ouvir a versão de algumas adolescentes apontadas como parte do problema, mas não foi possível obter declarações.

Durante o trabalho de campo, numa das ruas do bairro, a reportagem deparou-se com uma situação tensa. Um grupo de jovens, em convívio com adolescentes, intimidou-nos com uma garrafa de vinho na mão. Um deles, visivelmente alterado, profeiru as seguintes palavras:

“Velho, qual é a dica? Este coroa é gato, we!”.

 A equipa não teve outra opção senão abandonar o local, por razões de segurança.