DOIS MORTOS É O RESULTADO DE UM ATAQUE DURANTE MISSA TRANSMITIDA EM DIRECTO NA NIGÉRIA

Duas pessoas morreram na sequência de um ataque perpetrado por homens armados contra uma igreja em Eruku, no oeste da Nigéria, durante uma missa que estava a ser transmitida em directo.

O episódio ocorre apenas dias depois do rapto de 25 alunas por um grupo igualmente armado no colégio interno Government Girls Comprehensive Secondary School, na cidade de Maga, no Estado de Kebbi (noroeste). De acordo com autoridades citadas pela agência France-Presse (AFP), uma das meninas conseguiu escapar.

O ataque à igreja deu-se por volta das 18h00 de terça-feira, 18 de Novembro, quando vários homens armados invadiram a pequena igreja de Eruku, no Estado de Kwara, interrompendo uma celebração que reunia fiéis em oração.

A ofensiva foi captada pela câmara da igreja que transmitia o culto, e o vídeo rapidamente se espalhou pelas redes sociais, gerando indignação.

“Os polícias, em conjunto com os seguranças, responderam prontamente aos disparos vindos dos arredores da cidade, obrigando os autores a fugir para o mato”, informou a polícia de Kwara, em comunicado.

Após buscas na área, as autoridades encontraram um homem, Aderemi, mortalmente ferido por tiros dentro da Igreja Apostólica de Cristo em Oke Isegun, enquanto outro homem, Tunde Asaba Ajayi, também morto a tiro, foi localizado no mato. Um terceiro indivíduo foi ferido e conduzido ao hospital.

O governador do Estado de Kwara, AbdulRahman AbdulRazaq, solicitou o envio urgente de reforços de segurança, segundo um comunicado divulgado esta quarta-feira.

O ataque à igreja e o rapto na escola feminina ocorrem num momento delicado, marcado pelas declarações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou avançar com uma intervenção militar na Nigéria, alegando que cristãos têm sido alvo de massacres. Esta retórica tem ganho eco em Washington entre políticos conservadores e grupos defensores dos direitos dos cristãos.

Abuja rejeita as acusações, mas confirma estar em negociações com Washington para reforço da cooperação em matéria de segurança.

Entretanto, as forças de segurança nigerianas foram colocadas em alerta máximo após uma nova vaga de ataques cometidos por jihadistas e gangues criminosos. O ministro da Informação, Mohammed Idris, condenou tanto os raptos como o ataque à igreja, sublinhando que o Presidente Bola Tinubu colocou as forças armadas em estado de prontidão, perante “os actos de violência perpetrados pelos inimigos da nação nigeriana, incluindo terroristas, bandidos e outros criminosos”.

Os ataques têm aumentado em Kwara, sobretudo raptos para resgate, o que levou Tinubu a ordenar, em Outubro, o envio de militares para as florestas onde gangues armados erguem acampamentos e se escondem.

Poucas horas antes do ataque à igreja, Tinubu confirmara a morte do general Musa Uba, ferido numa emboscada no Estado de Borno por jihadistas do Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP), tendo sido posteriormente capturado e executado.

Na Nigéria, o país mais populoso de África, dividido entre um norte maioritariamente muçulmano e um sul predominantemente cristão, ataques a locais de culto continuam a ser frequentes, não necessariamente por motivação religiosa, mas porque gangues armados saqueiam propriedades e raptam fiéis em busca de resgates.

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