JOÃO LOURENÇO DEFENDE QUE A CÓLERA É UM OBSTÁCULO AO PROGRESSO DA ÁFRICA
O Presidente da República de Angola e igualmente Presidente em exercício da União Africana, João Lourenço, defendeu, na reunião presidencial de emergência sobre a cólera em África, que a doença representa um grande obstáculo ao desenvolvimento económico, social e humano do continente.

A reunião, que decorreu nesta quarta-feira, dia 4, em formato virtual, sob iniciativa do Presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, campeão da União Africana para a luta contra a cólera, foi organizada pelo África CDC (Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças), a agência de Saúde Pública da União Africana, criada para reforçar as instituições de saúde no continente e lidar com ameaças relacionadas com doenças.
O encontro serviu para fazer o ponto de situação do surto de cólera que actualmente afecta numerosos países de África, com maior incidência em quatro nações, designadamente: Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo e Angola.
Os vários Chefes de Estado que participaram nos trabalhos, entre eles Félix Tshisekedi, da República Democrática do Congo, Netumbo Nandi-Ndaitwah, da Namíbia, John Dramani Mahama, do Gana, e Lazarus Chakwera, do Malawi, foram unânimes em admitir que a intensificação da cólera como epidemia em África, ao longo das últimas décadas, é resultado da falta de investimento em infra-estruturas de saúde, água, saneamento e higiene, sublinhando que o continente “não deve aceitar a doença como algo normal”.
Na visão dos líderes, é importante que o continente, berço da Humanidade, crie condições para acelerar a produção local de vacinas e de suprimentos indispensáveis, porque este “já não é o momento de esperar por ajudas externas”.
O Presidente da União Africana considerou a cólera como mais do que uma emergência sanitária, afirmando que representa um grande obstáculo ao desenvolvimento económico, social e humano do continente.
O Chefe de Estado angolano apontou a cólera como uma oportunidade ideal para resolver antigos problemas estruturais, através de soluções inovadoras e sustentáveis, investindo em infra-estruturas adequadas de água, saneamento e saúde pública. Sublinhou que tudo isso deve ser feito não apenas para salvar vidas, mas também para gerar ganhos económicos e financeiros concretos, criando bases sólidas para sociedades mais saudáveis, resilientes e prósperas.
João Lourenço defendeu igualmente a necessidade de se investir na produção de fármacos nestes estados africanos, afirmando que ‘‘para assegurar uma resposta robusta e sustentável a esta e futuras crises, é fundamental localizarmos a produção de medicamentos e vacinas no nosso continente. A dependência exclusiva de importações externas limita a nossa capacidade de resposta e compromete a nossa soberania sanitária’’.
A reunião presidencial de emergência sobre a situação de cólera em África contou também com a participação do Director Geral da Organização Mundial da Saúde, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Convém lembrar que, desde o início do ano corrente, Angola tem enfrentado um novo surto de cólera, com 24 536 casos e 718 óbitos até ao dia 2 de junho, apresentando uma taxa de mortalidade de 2,9%.