VIVER COM A FALCIFORME EM SILÊNCIO: FAMÍLIAS SEM TRATAMENTO PREOCUPAM POPULAÇÃO
Populares em Luanda alertam para o desconhecimento generalizado sobre a anemia falciforme e apelam ao reforço das condições nos hospitais, denunciando que várias famílias convivem com a doença sem qualquer acompanhamento médico.

Durante uma ronda efectuada pelo Ponto de Situação, alguns cidadãos mostraram-se preocupados com a falta de informação sobre esta doença genética, que continua a afectar silenciosamente muitas comunidades.
Cheila Gomes, estudante de Análises Clínicas e Saúde Pública, afirma conhecer uma família portadora da doença que nunca realizou tratamento.
“A anemia falciforme é uma patologia em que as células sanguíneas não se desenvolvem correctamente. São imaturas e entram directamente na corrente sanguínea”, explicou.
A futura profissional da saúde, descreveu o processo de diagnóstico:
“Faz-se a colecta de sangue, que é incubado por 72 horas. Se as células forem redondas, o resultado é negativo; se tiverem forma de foice, é positivo.”
Cheila Gomes lamenta que algumas mulheres desta família tenham sofrido abortos espontâneos por causa da doença e continuem sem acesso a cuidados médicos.
Emanuel Matos, cidadão residente em Luanda, acrescentou que as pessoas que convivem com a doença, queixam-se de dores intensas nos ossos e no abdómen, têm dificuldades no tempo frio e muitas vezes problemas para gerar filhos.
Manassés Chungo, por sua vez, declara que “há falta de condições nos hospitais para tratar estes doentes. Infelizmente, a mortalidade ainda é elevada, e o Estado devia prestar mais atenção a esta realidade.”
O Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, é celebrado anualemnte a 19 de Junho, data estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que visa chamar a atenção da população para esta doença genética de maior prevalência no mundo.
A data foi criada em 2008, como forma de chamar a atenção para a doença, que é genética, hereditária e caracterizada por alterações no sangue, os glóbulos vermelhos se tornam rígidos, assumem formato de foice, dificultando a passagem de oxigênio para o cérebro, pulmões, rins e outros órgãos.
A enfermidade não tem cura e pode provocar o comprometimento das principais funções do organismo, caso o portador não receba a assistência adequada.
Entre as complicações da doença não tratada estão a anemia crônica, crises dolorosas associadas ou não à infecções, retardo do crescimento, infecções e infartos pulmonares, retardo no crescimento acidente vascular cerebral, inflamações e úlceras.
O diagnóstico precoce da Doença Falciforme é feito na triagem neonatal com a realização do Teste do Pezinho.
As hemoglobinopatias constituem um grupo de doenças de origem genética, em que mutações nos genes que codificam a hemoglobina levam a alterações na sua produção.
Estas alterações podem ser divididas em estruturais ou de produção. As alterações estruturais são aquelas em que a hemoglobina produzida não funciona da forma adequada, o que leva a redução na vida útil dos glóbulos vermelhos e a outras complicações.
As alterações de produção são aquelas que resultam em uma diminuição na taxa de produção da hemoglobina, o que leva a graus variados de anemia. A hemoglobinopatia mais frequente em nosso meio é a anemia falciforme.