NOTA APROVADA POR LEÃO XIV ESCLARECE ASPECTOS DA COOPERAÇÃO DE MARIA NA OBRA DA SALVAÇÃO

O Decreto publicado pelo principal escritório doutrinário do Vaticano, nesta semana, instruiu os 1,4 bilhão de católicos do mundo a não se referirem a Maria como a “corredentora” do mundo.

NOTA APROVADA POR LEÃO XIV ESCLARECE ASPECTOS DA COOPERAÇÃO DE MARIA NA OBRA DA SALVAÇÃO

A nota publicada pelo Vaticano, nesta semana, voltou a acender debates em torno da correlação de Maria, mãe de Jesus, na salvação. A nota, foi aprovada pelo actual Papa em 7 de outubro, e reflete um longo percurso de trabalho colectivo.

Ela oferece um importante fundamento bíblico para a devoção a Maria, associada à obra de Cristo como “Mãe dos fiéis”, além de reunir diversas contribuições dos Padres, dos Doutores da Igreja, dos elementos da tradição oriental e do pensamento dos últimos Pontífices.

De acordo com o decreto, somente Jesus salvou o mundo, “não seria apropriado usar o título corredentora” para Maria, visto que o título pode criar um desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã.

O falecido Papa Francisco, deixou a sua opinião clara e se opôs ferozmente a conceder à Maria o título de “corredentora”.

“Ela nunca quis tirar nada de seu filho para si mesma”, disse Francisco.

O antecessor de Francisco, Bento XVI, também se opôs ao título. Seu antecessor, João Paulo II, chegou a apoiar a concessão do título a Maria, mas parou de usá-lo publicamente em meados da década de 1990, depois que o escritório doutrinário começou a expressar ceticismo.

A nota analisa diversos títulos marianos aceitáveis e alerta sobre o uso de outros. Títulos como “Mãe dos fiéis”, “Mãe espiritual” e “Mãe do povo fiel” são particularmente apreciados pela nota.

O título de “Corredentora”, por sua vez, é considerado impróprio e inadequado. A nota recorda que o Concílio Vaticano II decidiu não o utilizar “por razões dogmáticas, pastorais e ecuménicas”.

Por outo lado, o título de “Mediadora” é considerado inaceitável quando assume um significado que é exclusivo de Jesus Cristo, mas é considerado precioso quando expressa uma mediação inclusiva e participativa que glorifica o poder de Cristo.

Os títulos de “Mãe da graça” e “Mediadora de todas as graças” são considerados aceitáveis ​​em alguns sentidos muito específicos, mas uma explicação particularmente ampla é oferecida em relação aos significados que podem apresentar riscos.

Em entrevista ao G1, especialistas esclarecem a mensagem na nota. De acordo com os entrevistados, o documento não altera a doutrina católica, busca apenas encerrar uma antiga discussão entre figuras da Igreja.

“No documento, a Igreja incentiva a devoção a Maria, mas deixa claro que ela não é salvadora. O documento apenas reforça um princípio teológico já existente: a salvação vem somente de Cristo”, disse Filipe Domingues, jornalista e analista de Vaticano.

“Algumas pessoas entenderam que a Igreja estaria proibindo o culto à Virgem Maria ou as orações de intercessão, mas o que ele faz é desaconselhar alguns títulos considerados inapropriados, como ‘corredentora’”, explicou Henrique Gomes, internacionalista e mestre em ciência política, com foco em Igreja Católica e Vaticano.

“Segundo a nota, usar esse termo pode gerar confusões, pois exige muitas explicações para ser compreendido corretamente. Por isso, o texto recomenda não usar esse título, já que há outros plenamente adequados, como ‘Mãe de Deus’, ‘Imaculada Conceição’ e ‘Mãe do Povo Fiel’”, continuou.

Por sua vez, Dom Murilo Krieger, arcebispo emérito e membro da Academia Brasileira de Mariologia acredita que a publicação também pode servir como uma resposta a questionamentos equivocados de pessoas de fora da igreja, especialmente de outras religiões que podem não compreender a interpretação cristã do papel de Maria.

“Acredito que o Vaticano tenha considerado oportuno oferecer um esclarecimento diante de pedidos insistentes de alguns grupos. Era necessário colocar o assunto de forma definitiva para encerrar polêmicas desnecessárias e evitar confusões. Assim como em outros momentos da história, busca orientar os fiéis e preservar a clareza doutrinal sobre Nossa Senhora.”

Apesar de o documento buscar encerrar debates, a repercussão gerou dúvidas entre alguns fiéis, segundo os especialistas ouvidos.

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