8 FRUTAS RARAS QUE SÓ PODE PROVAR NA AMAZÓNIA
A Amazônia não é apenas o maior e mais biodiverso ecossistema do mundo, é também um dos mais saborosos. Aqui mostraremos oito frutas que valem a pena ser descobertas, seja pelos sabores intensos, como pelo significado cultural ou pela experiência de provar algo novo.
Entre os milhares de espécies nativas, cerca de 220 árvores são conhecidas por produzir frutos comestíveis, muitos que nunca saíram da floresta.
Nas encostas orientais dos Andes, os viajantes encontrarão o aguaje, fruto da palmeira moriche.
Na pequena cidade peruana de Tingo Maria, as prateleiras dos mercados ficam cheios do fruto de aparência semelhante a um tatu.
Os moradores locais deixam o aguaje de molho na água por um ou dois dias, antes de tirar a casca marrom que revela uma polpa alaranjada. A polpa é então molhada, amassada e transformada em aguajina, uma bebida cremosa.
Alguns moradores dizem que o fruto contém compostos semelhantes ao estrogênio, e que os homens devem consumir com cuidado, sem exagero, embora haja pouca evidência científica sobre isso.
"A aguajina é muito útil para os ossos, para a pele, para o rosto, especialmente para as mulheres", diz Gianina Pujay, que vende o sumo no mercado de frutas de Tingo Maria.
Na mesma região, a cocona, uma fruta tropical parente do tomate, dá origem a um sumo ácido que lembra uma mistura de abacaxi com mamão, com uma textura espessa e quase oleosa.
"Muitas frutas amazônicas são consumidas em forma de sumo porque a polpa é ácida, fibrosa ou difícil de comer crua, como é o caso da cocona", explicou a pesquisadora e nutricionista no Instituto de Pesquisa Nutricional do Peru, Miluska Carrasco,
"É também uma forma prática de a usar rapidamente antes de estragar".
Descendo pelas encostas dos Andes até a Bacia Amazônica, os rios se acalmam e se transformam em verdadeiras vias de atividade comercial.
Às margens do Rio Ucayali está Pucallpa, uma cidade portuária fluvial que marca o ponto mais distante que o sistema rodoviário do Peru alcança no coração da Amazônia.
Lá, onde balsas com contentores, barcos de passageiros e canoas movimentam mercadorias por toda a floresta, o sumo de camu-camu é uma bebida indispensável, que qualquer um deveria provar.
O camu-camu, um fruto pequeno, ácido e parecido com uma ameixa, tem gosto de morango azedo com uma pitada de pêssego, e é o preferido dos vendedores no local.
"Tem mais vitamina C do que as laranjas", diz Carrasco, "e também outros compostos bioativos". Enquanto uma laranja fornece cerca de 6 miligrama de vitamina C por 100 gramas, o camu-camu contém mais de 2.000 miligrama na mesma quantidade de polpa.
No coração do estado mais extenso do Brasil, o Amazonas, a cerca de 1.100 quilômetros leste de Pucallpa em linha reta (e pelo menos uma semana ou mais de viagem de barco), as palmeiras de tucumã produzem um fruto alaranjado que só está em época entre fevereiro e agosto.
Durante esse período, o tucumã é consumido no café da manhã com farinha de mandioca é um ingrediente essencial do x-caboquinho, um sandes típico do estado, que combina fatias da fruta com queijo coalho e pedaços de banana frita.
Para transformar o tucumã, conhecido pela sua polpa fibrosa em sumo, os vendedores o descascam, batem no liquidificador e depois coam para reduzir as lascas da fruta a uma polpa. Em seguida, o líquido é filtrado.
De acordo com Francisco Falcão, um agricultor da comunidade de Bom Jesus, na Floresta Nacional de Tefé, "as pessoas dizem que o tucumã é bom para comer e faz bem para a vista e para a pele".
Também na região de Tefé, "há uma palmeira da qual as pessoas comem a fruta", conta Falcão.
"A pupunha é uma planta que a gente começa a colher em dezembro e termina em fevereiro."
Nas partes da Amazônia em que as pessoas falam espanhol, essa fruta oleosa da palmeira é conhecida como pejibaye ou pijuayo, e é uma fonte de gorduras naturais, além de vitamina B1 e vitamina E.
A pupunha cresce em cachos de frutos alaranjados ou avermelhados, com formato que lembra pequenas bolotas. Ela não pode ser consumida crua, mas, uma vez que é cozida, torna-se um lanche consistente, parecido com uma batata-doce.
A fruta também pode ser transformada em um suco cremoso e alaranjado, quando completamente processada. No Peru, comunidades da floresta fermentam a polpa para preparar uma bebida alcoólica chamada de chica ou masato, especialmente durante o período de colheita.
Em Manaus, capital do Amazonas, a refrigeração permite que os moradores e visitantes aproveitem as frutas de várias formas.
A casca espessa do cupuaçu guarda uma coleção de sementes envolvidas por uma polpa branca, que pode ser transformada em um suco levemente ácido. Mas, recentemente, os moradores têm incorporado o sumo ao gelado, uma tendência que já chegou em outras partes do Brasil.
O cupuaçu tem gosto de um abacaxi cremoso, o que é surpreendente, já que a fruta é um parente próximo do cacau.
"É do mesmo gênero do cacau e as pessoas fazem cupulate [um chocolate de cupuaçu]", explica Daniel Tregidgo, pesquisador no Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
No delta do Amazonas, o jenipapo é conhecido pelo seu tradicional uso como corante azul e tinta de tatuagem temporária. A fruta, por si só, que cresce tanto na Amazônia quanto no litoral brasileiro, tem uma polpa amarelada e é uma ótima fonte de vitamina B1 e zinco.
Embora o jenipapo possa ser consumido na forma de sumo fresco, que lembra um pouco damascos secos, vale a pena provar o licor de jenipapo, uma cachaça infusionada servida em pequenos bares na Amazônia.
Embora o açaí tenha se tornado uma tendência global de alimentação saudável, a versão servida na Amazônia tem pouca semelhança com os potes congelados que são encontrados no exterior.
O que muitos viajantes não sabem é que há sete espécies diferentes de palmeira de açaí. Os moradores locais distinguem entre o açaí-do-Pará, o açaí-do-mato e a juçara, dependendo da região.
Em Belém, por exemplo, os vendedores usam prensas pneumáticas para extrair a polpa da fruta, que é vendida em sacos transparentes e consumida diretamente em tigelas, com colher.
Fora de sua área natural, em outras partes do Brasil, as pessoas costumam consumir a polpa em iogurtes e gelados, ou versões adoçadas e congeladas.