A NOSSA LUTA DEVE SER… POR UM PAÍS ONDE O AMOR VENÇA O CONTENTOR
Enxergo uma sociedade ferida, onde o individualismo se agiganta no seio de muitos dos meus semelhantes. Esta tendência silenciosa, mas corrosiva, mina os alicerces de um projecto comum, o sonho colectivo de uma nação mais justa, solidária e humana.

Vivemos tempos em que cada um parece mais preocupado com a sua dor estomacal. Enchem-se de ego e conforto ao ponto de não conseguirem perceber que o “nós”, esse pronome que devia ser pátria e que deve estar no centro das nossas lutas, porque as escolhas de hoje, ainda que nos pareçam inofensivas, poderão vir a ferir, amanhã, os que ainda nem nasceram.
A nossa luta deve ser por um território onde todos possam viver, e não apenas sobreviver. Um país onde os filhos da pátria não precisem de vasculhar contentores à procura de medicamentos improvisados, que muitas vezes nem curam a dor, apenas adiam a tragédia.
Caminhamos por trilhos onde ainda pululam, com mais ousadia do que nunca, indivíduos que conspiram na sombra. Desestruturam famílias, minam organizações e sabotam projectos de progresso colectivo com frieza e precisão psicológica.
Esses seres picam mais do que o mosquito e mordem mais do que a serpente,intoxicam campos férteis, apenas para depois erguerem taças ocas no seu pequeno circuito de vitórias mal conseguidas. Festejam com orgulho, como se a honestidade tivesse morrido há muito e não soubéssemos como desenterrá-la.
Há uma franja da sociedade que luta apenas por si. Não importa quem cai, ou quem será consumido pelo ressentimento nascido num coração que deveria ter sido berço de amor e não arsenal de rancor.
Assim vamos!
Há quem dite a agenda até dos nossos aposentos, invade os nossos pensamentos, quase que escolhe o próprio sol que nos há-de tocar no tecto, interferem no destino, como se fossem deuses de barro a controlar sombras humanas.
Mas o futuro exige outra bússola. Exige unidade verdadeira e reconciliação real, aquela que se constrói no gesto diário, na coragem de partilhar, na ousadia de amar sem medo.
A nossa luta deve ser esta:
Erguer a taça do amor.
Levar a justiça onde impera a injustiça.
Semeá-la onde nada parece crescer.
Transportar a paz onde houver guerra.
E lançar o amor como se fosse semente em solo árido, onde hoje há ódio.
Porque se não for por todos, não será por ninguém!