A FORÇA INVISÍVEL DE UM PROFISSIONAL EXEMPLAR E RARO CHAMADO KADÚ

Se a resiliência tivesse nome, em Angola chamar-se-ia Kadú. Um homem que transforma cada jogo não jogado numa oportunidade para motivar quem está em campo.

A vida é uma escola, uma academia onde aprendemos a lidar com várias pessoas e a conhecer a filosofia de vida de cada uma.

Com o decorrer do nosso crescimento, cruzamo-nos com indivíduos que, pelo simples facto de não serem primeiras opções, abandonam a equipa ou o grupo de trabalho. Falam mal do líder e não demonstram alegria com as vitórias do colectivo. No fundo do coração, alguns alimentam a secreta intenção de ver a derrota dos demais, apenas porque não fazem parte dos seleccionados que entram em campo.

Outros, inclusive, criam um ambiente tóxico, capaz de desestruturar todo o grupo. Isto é visível quer no local de trabalho, quer no seio familiar, quer noutros sectores.

Há cinco anos que presto particular atenção ao guarda-redes Aldo Geraldo Manuel Monteiro, mais conhecido como Kadú. Natural do Cuanza-Sul, fez a sua formação profissional em Portugal, onde representou cerca de dez equipas, entre as quais o Futebol Clube do Porto.

Desde que começou a ser chamado para representar a selecção nacional de Angola, e se a memória não me falha, nunca foi uma escolha regular para entrar em campo. Ainda assim, não desistiu, não baixou a cabeça e manteve-se sempre motivado.

Kadú, é o exemplo vivo de que nem todos se deixam abalar por não serem titulares. Enquanto muitos se enfurecem e abandonam o colectivo, ele mantém-se firme,  repito: firme, marchando com a “tropa” em prol do bem maior: Angola.

Numa das edições do CAN, mesmo no banco, festejou com os colegas, puxou pela equipa e espalhou energia positiva, apesar de não jogar.

Onde vai ele buscar tanta energia? O que o motiva a prosseguir?
A resposta veio numa das suas publicações no Facebook, onde escreveu:

“Ser angolano é isto: nunca desistir. Somos um país grande, com gente capaz de escrever histórias lindas. Nunca desistiremos de Angola.”

Palavras fortes, que devem servir-nos de lição, inspiração e mudança de atitude.

Acredito que a educação de base e o meio em que cresceu também moldaram a filosofia de vida deste grande profissional, um Palanca Negra raro, leal, disciplinado, competente e que sabe esperar pelo seu momento. Coloca sempre o colectivo acima dos interesses individuais.

Kadú é, sem dúvida, um exemplo a seguir. Um homem com motivação acima da média, que leva a bandeira de Angola aonde quer que vá, que puxa pelos seus e que não se deixa seduzir pelo imediatismo.

Sou um dos seus fãs. Com a sua postura, ele inspira não apenas desportistas, mas qualquer pessoa que compreenda que a diferença está nos pequenos detalhes.

Estou contigo, Kadú. Juntos podemos construir um país melhor. Cada um deve saber esperar pelo seu momento, não sentado, mas com trabalho árduo, para que, quando a oportunidade surgir, a possamos aproveitar com êxito e acrescentar mais um capítulo à nossa história.

Força, Palanca Negra! O nosso Kadú. O nosso profissional raro. O exemplo vivo de que o verdadeiro profissionalismo merece a nossa vénia.

O relvado muda, os jogos passam, mas a lealdade e a disciplina ficam para sempre na história.

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