“A PAZ VERDADEIRA NÃO SE ESCREVE EM PAPÉIS”

O General Higino Carneiro defendeu, esta sexta-feira, 7 de Novembro, à margem do Congresso Nacional da Reconciliação, que “a paz verdadeira não se escreve em papéis”.

“Vivi a guerra. Vi o sofrimento do nosso povo: as lágrimas das mães, o silêncio dos órfãos, a destruição das aldeias, das vilas e até de cidades. Mas também vivi a coragem dos que nunca desistiram da paz”, recordou.

Para Higino Carneiro, a reconciliação é mais do que um acordo político, é um pacto moral e espiritual entre irmãos. Sublinhou que reconciliar-se é compreender que o passado não pode ser apagado, mas pode e deve ser redimido pela verdade, pelo perdão e pela justiça.

“É aceitar que todos sofremos e que todos temos a responsabilidade de construir o futuro”, frisou.

O General considerou o cessar das armas, fruto dos acordos assinados entre as partes em conflito, como um marco importante da história de Angola, mas defendeu que esse feito, por si só, não basta.

“A paz verdadeira não se escreve em papéis, constrói-se nas almas dos cidadãos.”

Face ao contexto actual, apelou às autoridades tradicionais e aos líderes comunitários para continuarem a trabalhar na pacificação dos espíritos e na eliminação de focos de conflito ainda visíveis no seio das comunidades.

O também político recomendou aos partidos que sejam construtores de democracia e não máquinas de conflito, lembrando que o multipartidarismo deve ser entendido como “uma bênção democrática”.

“Não há reconciliação quando se alimenta o medo nas pessoas e nas comunidades. Não há reconciliação com arrogância”, afirmou.

Mensagem aos jovens

No encerramento da sua intervenção, Higino Carneiro dirigiu-se à juventude, exortando-a a preservar a paz com disciplina, estudo e trabalho.

Higino Carneiro, alertou, para que os jovens não se deixem iludir por promessas vazias, devendo ser capazes de interpretar os momentos, reconhecer as causas e participar activamente na solução dos problemas do país.

“O soldado da paz é aquele que luta para que as armas nunca mais falem em Angola”, concluiu.

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