AMERICANOS PEDEM A GUTERRES QUE AFASTE FRANCESCA ALBANESE DO CARGO NA ONU

Os Estados Unidos pediram esta terça-feira, 1 de Julho, ao Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, que remova Francesca Albanese do cargo de relatora especial da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinianos, acusando-a de “má conduta” e alegado “antissemitismo”.

AMERICANOS PEDEM A GUTERRES QUE AFASTE FRANCESCA ALBANESE DO CARGO NA ONU
AMERICANOS PEDEM A GUTERRES QUE AFASTE FRANCESCA ALBANESE DO CARGO NA ONU

Num comunicado emitido pela missão diplomática norte-americana junto da ONU, Washington expressou “graves preocupações” sobre a actuação da jurista italiana e instou Guterres a “condenar as suas actividades” e a nomear uma nova figura para a função.

De acordo com a imprensa internacional, a contestação surge na sequência de um relatório que Francesca Albanese deverá apresentar esta semana ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, onde denuncia que o suposto genocídio em Gaza está a ser “lucrativo” para diversas multinacionais dos sectores tecnológico, bancário e da indústria de armamento.

O documento, que acusa “inúmeras corporações influentes” de beneficiarem financeiramente com o conflito, foi considerado pelos EUA como “profundamente problemático” e motivo suficiente para afastar a relatora.

“Antissemitismo maligno” e “desinformação”

A administração norte-americana já se havia oposto à renovação do mandato de Albanese até 2028, e voltou a alertar que a sua permanência representa uma ameaça à credibilidade das Nações Unidas.

Num tom particularmente severo, a missão dos EUA declarou que o suposto “antissemitismo maligno e apoio ao terrorismo” por parte da relatora são “inaceitáveis” e incompatíveis com a ética e os deveres da função.

Washington acusou ainda Francesca Albanese de ter distorcido as suas credenciais profissionais, afirmando que esta “se apresenta como advogada internacional, apesar de nunca ter sido aprovada num exame da ordem nem licenciada para exercer advocacia”.

Pressão sobre Guterres

Embora António Guterres ainda não tenha emitido uma posição pública sobre o novo pedido, os Estados Unidos insistem que manter Francesca Albanese em funções “representaria um desrespeito flagrante pelo código de conduta dos relatores especiais” e traria “ainda mais descrédito” à ONU.

O caso intensifica as já tensas relações entre os EUA e os organismos das Nações Unidas no contexto do conflito israelo-palestiniano, especialmente após os repetidos alertas de Albanese sobre o impacto humanitário e económico da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

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