HUMORISTA CONDENADO A OITO ANOS DE PRISÃO POR PIADAS DISCRIMINATÓRIAS

Condenado a oito anos e três meses de prisão pela justiça de São Paulo, Brasil, por piadas preconceituosas feitas em um vídeo postado no seu canal do YouTube, Leo Lins não é o primeiro humorista a ser investigado por falas de carácter discriminatório.

HUMORISTA CONDENADO A OITO ANOS DE PRISÃO POR PIADAS DISCRIMINATÓRIAS

A responsabilização de humoristas por comentários preconceituosos tem sido cada vez mais frequente.

De acordo com advogados, o limite da liberdade de expressão é um dos principais argumentos que baseiam as decisões judiciais em desfavor dos comediantes.

No vídeo do comediante Léo Lins alvo de investigações sobre preconceito e discriminação, faz uma série de piadas contra negros, idosos, obesos, soropositivos, homossexuais, povos originários, nordestinos, evangélicos, judeus, além de pessoas com deficiência.

Um ano após a postagem, em Maio de 2023, a Justiça determinou a suspensão do vídeo do seu show de comédia do Youtube. Na época, o conteúdo já havia sido reproduzido mais de três milhões de vezes.

O Ministério Público Federal (MPF) investigou o conteúdo do vídeo e recomendou ao Poder Judiciário a condenação do humorista.

Em 2021, o humorista Danilo Gentili foi condenado a pagar uma indemnização de R$ 41,8 mil ao sindicato dos enfermeiros, bem como a publicar um pedido de desculpas em suas redes sociais, após fazer uma “piada” com a categoria dos profissionais.

Um dos processos de maior repercussão do apresentador foi após lançar piadas contra  a maior doadora de leite humano do Brasil. A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), manteve decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que fixou em R$ 80 mil o valor de indenização por danos morais a ser pago a mulher.

Léo Lins é condenado a oito anos de prisão por publicar conteúdo  preconceituoso e discriminatório contra minorias | São Paulo | G1

“A liberdade de expressão é plena desde que ela não interfira, afecte ou gere consequências para a honra de quem quer que seja, independente da sua cor, orientação sexual e idade”, afirma o criminalista António Gonçalves.

O humorista Júlio Cocielo também foi alvo de investigação por postagens de cunho racial entre Novembro de 2010 e Junho de 2018, todas de cunho racial. Apesar do pedido de condenação pelo Ministério Público Federal (MPF), a Justiça absolveu o youtuber em Maio deste ano.

Ainda que fora do contexto de humor, o comediante Nego Di também foi alvo de investigações. O humorista foi condenado por difamação e injúria contra a deputada estadual Luciana Genro (PSOL).

"A liberdade de expressão e a liberdade artística, embora protegidas constitucionalmente, não são absolutas. Quando uma fala, mesmo em contexto de espetáculo, excede os limites do razoável e atinge direitos fundamentais de terceiros,  pode, sim, ser punida civil e penalmente", afirma o advogado Henrique Cataldi.

A Justiça brasileira entende, de modo geral, que o disfarce de “personagem” usado pelos comediantes não serve de escudo para práticas discriminatórias.