PAIS QUE RECUSAM VACINAR FILHOS MAIORITARIAMENTE SÃO  LICENCIADOS E DE CLASSE ALTA

Um estudo recente indica que, na Europa, a maioria dos pais que se recusam a vacinar os filhos possui formação superior e um nível económico elevado.

O projecto VAX-TRUST, desenvolvido em sete países europeus, concretamente em Portugal, Finlândia, Bélgica, Polónia, República Checa, Itália e Reino Unido, procurou compreender as razões que levam alguns pais a adiar ou a rejeitar vacinas, e apontar caminhos para uma comunicação mais eficaz entre famílias e profissionais de saúde.

Em declarações à agência Lusa, Ana Patrícia Hilário, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e coordenadora nacional do estudo, descreveu a hesitação em Portugal como “um fenómeno multifacetado, atravessado por dinámicas sociais, culturais, relacionais e simbólicas”.

A especialista adiantou que muitos dos pais que se opõem à vacinação dos filhos são pessoas altamente escolarizadas, com formação superior e capital económico relativamente elevado.

De acordo com a investigação, estes pais tendem a valorizar práticas como a amamentação prolongada, a entrada tardia dos filhos na escola e a adoção de modelos educativos alternativos, muitas vezes fora do sistema público.

Entre eles, é comum a convicção de que “a imunidade se adquire naturalmente”, sustentada pela ideia de que um estilo de vida saudável protege as crianças de forma mais eficaz do que as vacinas.

“Ao não vacinarem, podem pôr em risco a saúde de outras crianças”, alertou a investigadora.

A vacinação contra a hepatite B surge como um dos pontos mais contestados por este grupo, que questiona a necessidade de ser administrada tão precocemente.