DISCRIMINADOS POR LAVAR CARROS: JOVENS EXIGEM VALORIZAÇÃO

Em entrevista ao Ponto de Situação, jovens que se dedicam à lavagem de automóveis, em Luanda, manifestaram descontentamento por se sentirem desvalorizados e frequentemente classificados como marginais.

DISCRIMINADOS POR LAVAR CARROS: JOVENS EXIGEM VALORIZAÇÃO
Imagem: DR/Ponto de Situação
DISCRIMINADOS POR LAVAR CARROS: JOVENS EXIGEM VALORIZAÇÃO
DISCRIMINADOS POR LAVAR CARROS: JOVENS EXIGEM VALORIZAÇÃO
DISCRIMINADOS POR LAVAR CARROS: JOVENS EXIGEM VALORIZAÇÃO

Em entrevista ao Ponto de Situação, jovens que se dedicam à lavagem de automóveis, em Luanda, manifestaram descontentamento por se sentirem desvalorizados e frequentemente classificados como marginais.

Trata-se de cidadãos com idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos, que se dedicam à lavagem de viaturas na zona do Capalanga, em Luanda.

Carlos Luís, lavador de carros há vários anos no município de Viana, afirma que sofre diariamente discriminação por parte de várias pessoas e garante que gostaria de abandonar esta actividade, por ser constantemente classificado como marginal.

“Sinto-me muito triste com isso”, desabafou Carlos Luís.

Os jovens que fazem da lavagem de carros o seu sustento diário lamentam a dura realidade que enfrentam no quotidiano.

Segundo Ilário Faria, de 28 anos, que se dedica à lavagem de viaturas desde 2021, a forma como é tratado por ser lavador de automóveis é como se fosse um delinquente.

Com o desejo de retomar os estudos, Ilário garante que não é sua vontade continuar nessa profissão, mas as dificuldades da vida obrigam-no a manter-se nesse ofício.

São vários os insultos que estes jovens dizem sofrer diariamente. Ainda assim, é com esse trabalho que conseguem suprir algumas das suas necessidades básicas — embora o rendimento não seja suficiente para muito.

Balingui, outro residente do bairro Capalanga, trabalha há cinco anos como lavador de carros e contou que já foi desqualificado inúmeras vezes pelo trabalho que exerce. Conhecido também por “Man Bala”, o jovem afirma que pretende deixar essa prática e dedicar-se a outra actividade, mas, por enquanto, não tem alternativas viáveis.

“Vou à igreja e sei que um dia deixarei este trabalho, que pouco ou nada me ajuda”, declarou Balangui.

Outro jovem que se pronunciou foi Flávio Bartolomeu Muhongo, que lamenta a realidade vivida pelos seus colegas. Por um lado, reconhece que há lavadores cuja conduta deixa a desejar, mas sublinha que isso não deve justificar a generalização negativa.

Flávio considera injusto que todos sejam classificados como maus, lembrando que “cada um tem os seus valores e princípios”. Por isso, recomenda à sociedade que olhe para os lavadores de viaturas como cidadãos que lutam honestamente para garantir o pão de cada dia e contribuir para o sustento das suas famílias, na esperança de mudar a sua realidade.