ESTUDOS APONTAM QUE MAIS DE 70% DOS CABO-VERDIANOS SÃO CATÓLICOS

Segundo dados divulgados pela investigadora, Cabo Verde é uma nação insular africana, situada num arquipélago de origem vulcânica no Oceano Atlântico, ao largo da costa ocidental de África. O país é composto por dez ilhas e cinco ilhéus.

Mais de três quartos dos cabo-verdianos são católicos romanos,  uma herança introduzida pelos colonizadores portugueses.

"Os latinos (católicos romanos) chegaram à ilha com os portugueses, que trouxeram a religião no contexto da colonização", afirma Fuller.

Catolicismo romano: entre a história e a cultura

De acordo com a sua pesquisa, 77,3% da população cabo-verdiana segue o catolicismo romano. Esta tradição remonta ao ano de 1533, durante a ocupação portuguesa.

Registos históricos apontam para a chegada de missionários católicos, como monges franciscanos e capuchinhos, a partir do século XV. Estes religiosos foram responsáveis pela evangelização das ilhas, incluindo o baptismo forçado de escravos.

"A Igreja desempenhou um papel central na estrutura social cabo-verdiana, sobretudo na educação", salienta a investigadora. Os padres fundaram escolas, patrocinaram jovens para estudarem no exterior e mantiveram, durante séculos, os registos biológicos da população, como nascimentos, casamentos e óbitos.

"O catolicismo romano foi a religião dominante em Cabo Verde até ao século XX", reforça Fuller. Actualmente, estima-se que existam mais de 430 mil católicos romanos em todo o país.

As festas religiosas continuam a ter grande relevância na vida das comunidades.
“Os dias dos santos são as festividades mais celebradas pelos católicos romanos, envolvem comida, bebida, música e procissões que unem as comunidades. É nesta celebração que a cultura cabo-verdiana se funde com o culto religioso", explicou.

Protestantes e outros cristãos não Católicos

A pesquisa indica ainda que cerca de 8,1% da população é cristã não afiliada à Igreja Católica Romana. O protestantismo chegou a Cabo Verde no final do século XIX, com o regresso de emigrantes cabo-verdianos influenciados por igrejas americanas.

"Os retornados trouxeram consigo novas práticas religiosas, que se disseminaram pelas ilhas", observa a investigadora.

Contudo, na altura, o domínio católico era tal que os portugueses viam o protestantismo como ameaça e chegaram a legislar contra práticas religiosas não-católicas.

Apesar disso, o movimento protestante resistiu e hoje existem centenas de igrejas protestantes no arquipélago.

A Constituição de Cabo Verde garante a liberdade religiosa e estabelece a separação entre Igreja e Estado.

"Não existe religião oficial no país, e esse ambiente legal tem permitido o florescimento de outras crenças, incluindo o islamismo", concluiu Micheal Fuller.