LÍDER DA UNITA REPROVA AUMENTO DO COMBUSTÍVEL E CRITICA FALTA DE REFORMAS ESTRUTURAIS
O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, reprovou nesta segunda-feira, 7 de Julho, à medida do Executivo relativa ao aumento do preço dos combustíveis, considerando que está “fora do contexto geral” e penaliza severamente os cidadãos.
O líder do maior partido na oposição disse que a decisão governamental não foi devidamente preparada, resultando num impacto social adverso.
“A grande verdade é que o Governo angolano não preparou esta medida. O cidadão está a ser múltiplas vezes punido. Todos estão a sofrer com o aumento do combustível, dos produtos da cesta básica, dos transportes, e de outras necessidades essenciais. A ideia está mal pensada e mal executada”, criticou.
Na óptica de Adalebrto Costa Júnior, as medidas económicas implementadas são “complementares de circunstâncias estruturais”, que não devem ser tomadas de forma apressada nem “de joelhos”, como frisou. Acrescenta ainda que o processo não envolveu o país nem os parceiros sociais, o que, segundo o político, há contestação generalizada, inclusive entre sectores que até partilhavam da proposta.
Interrogado sobre a sua participação no evento “Economia 100 Macas”, Adalberto Costa Júnior respondeu com naturalidade e um certo tom de humildade, classificando o convite como “um acto de coragem” por parte do economista Rosado de Carvalho, mentor da iniciativa.
“É necessário coragem para convidar o presidente da UNITA. E foi também um desafio de risco ter aceite. Não sou economista, nem especialista em debate técnico, mas tenho uma equipa económica com quem trabalho. Consultei-os e decidimos que valia a pena participar”, afirmou.
O líder político reconheceu que o momento representou um convite à cidadania e um estímulo à pluralidade, considerando que muitos angolanos não estão habituados a este tipo de abordagem democrática e participativa.
Visão sobre a economia petrolífera e necessidade de reformas
Adalberto Costa Júnior defendeu que não é possível construir um ambiente de prosperidade, estabilidade e desenvolvimento sem reformas profundas.
Entre as prioridades que considera fundamentais para a transformação do país, apontou:
- Reformas na administração pública
- Reformas no Estado partidário
- Implementação efectiva das autarquias locais
- Reforma do poder judicial
Acrescentou ainda que é essencial incluir uma revisão constitucional, não apenas como acto político, mas como instrumento de referendo popular, com impacto directo no equilíbrio de poderes.
“Se hoje se modificar a Constituição, isso poderá anular imediatamente o mandato de quem hoje ocupa o poder”, defendeu, insinuando que a governação vigente não deseja submeter-se ao crivo da vontade popular.
Adalberto Costa Júnior revelou que a UNITA pretende propor a revisão constitucional como parte integrante do seu programa político para as próximas eleições, considerando que só com um novo quadro institucional se poderá refundar o país com base numa governação mais democrática, descentralizada e responsável.