FOCO SOB VIGILÂNCIA: UM MAL SILENCIOSO NAS INSTITUIÇÕES

Este é mais um dia de travessia, onde a escrita se torna embarcação, e nós, navegadores do pensamento, levamos outros connosco.

FOCO SOB VIGILÂNCIA: UM MAL SILENCIOSO NAS INSTITUIÇÕES

O dia amanhece sob o véu do cassimbo. Mais uma jornada de labuta começa, e com ela, a rotina que nos desafia a pôr a imaginação ao serviço do bem comum.
À frente, o computador (uma  janela para o mundo), ao  lado, uma garrafa de água, uma esferográfica e outros instrumentos de trabalho.

De repente, como quem sente o impulso do dever, decido deixar mais um traço escrito,  um legado de reflexão sobre a forma como nos portamos nos bastidores das instituições, sejam elas públicas ou privadas.

É recorrente observarmos profissionais que vestem a camisola do rigor apenas quando o líder está presente. Basta o líder virar costas, e eis que o foco evapora como nevoeiro ao sol.


O zelo transforma-se em desleixo. A energia esvai-se. A missão torna-se fardo.

Não é difícil verificar isso. Dê uma volta. Observe o seu local de trabalho, converse com colegas, entre em repartições, e cedo chegará à mesma conclusão: há quem tenha esquecido o verdadeiro sentido da palavra “compromisso”.

Alguns atendem o público com frieza, sem cortesia, como quem trata de fardos e não de pessoas. Outros afundam-se nos telemóveis, como se cada notificação fosse mais importante que a tarefa que lhes dá sustento.

Há quem fique de olhos colados ao relógio, como se o tempo fosse inimigo, esperando com ansiedade o toque libertador da hora de saída.

Batem o ponto como quem foge de um cárcere: entram às 8h00, saem às 16h00, sem conceder sequer um minuto a mais, nem para partilhar um “olá” com os companheiros de batalha.

Mas atenção: não generalizo. Há profissionais que brilham mesmo no silêncio. Guerreiros discretos, que não precisam de aplausos nem da sombra do líder para fazerem bem feito. Estes, sim, são pilares. Procuram soluções em vez de desculpas. Geram luz num ambiente de apagões. Constroem pontes em vez de muros.

O trabalhador que só se esforça sob vigilância revela uma falha de carácter. É como um actor que só representa quando há plateia, esquece que o verdadeiro palco é a consciência.
Quem age assim, caminha sem norte, sem ética e sem visão...!

O verdadeiro profissional entende que trabalha não apenas para ser visto, mas porque o seu valor está no que faz quando ninguém está a olhar.

Esse é o compromisso maior, com a sua própria integridade, com os objectivos da equipa, com o crescimento colectivo.

Não espere que lhe cobrem resultados. Dê o seu melhor. A vida é um campo de provas invisíveis, onde quem mais observa nem sempre se anuncia. Pode parecer que não há olhos sobre si, mas há sempre alguém a anotar os seus passos com o olhar atento de quem, um dia, decidirá o seu destino.

Vá à empresa com mais do que a fome do salário. Vá com sede de crescimento, com vontade de aprender. O trabalho é uma aula viva, onde os livros se transformam em prática e cada erro é um mestre disfarçado.

Quem se dedica constrói fundações. Quem se entrega colhe frutos de longo prazo e no fim, poderá contar, com orgulho, as histórias de um percurso forjado entre batalhas, tropeços e superações.

Lembra-te: o liderado de hoje pode ser o líder de amanhã e  a liderança começa na postura, no respeito e no amor pelas tarefas mais simples.

Sê um liderado exemplar. O futuro está a observar-te em silêncio!

Bom trabalho, eterno aprendiz!

LEIA TAMBÉM: NO AZUL E BRANCO ECOA A REVOLTA DO SALÁRIO E DOS CARGOS