CAMPONESAS DENUNCIAM ABUSO SEXUAL DE SUPOSTOS INVASORES DE TERRENOS NO SEQUELE

Camponesas do município do Sequele denunciaram esta segunda-feira, 14 de Julho, que mais de sete mulheres, proprietárias de lavras, foram vítimas de abuso sexual e agressões físicas, alegadamente perpetradas por supostos invasores de terrenos no bairro P.P.H.S.

CAMPONESAS DENUNCIAM ABUSO SEXUAL DE SUPOSTOS INVASORES DE TERRENOS NO SEQUELE
Camponesas denunciam abuso sexual

As denúncias reforçam os relatos apresentados por outras camponesas na semana passada ao Portal Ponto de Situação, que já haviam exposto actos de violência física e verbal. Segundo as novas queixosas, as agressões têm sido recorrentes e acontecem num contexto de perda forçada das suas terras agrícolas, cenário que descrevem com tristeza e revolta.

As denunciantes que dizem residir nesta zona desde 1987, integravam na altura a associação agrícola Quimaquienda. Durante anos, afirmam que  exerceram a actividade agrícola sem impedimentos, até ao surgimento de indivíduos que agora reivindicam a posse das terras.

Uma das vítimas, de 67 anos, cujo nome preservamos por razões de segurança, afirmou que o sofrimento se tem agravado, sobretudo após perder o terreno que garantia o sustento da sua família.

A idosa relatou que sempre que os invasores chegam, são forçadas a abandonar as suas lavras. Contudo, a resistência das camponesas tem sido enfrentada com violência.

“Eles, quando chegam à minha lavra, batem-me com catana. O meu filho já foi agredido duas vezes, na cabeça, também com catana, mas graças a Deus está bem”, contou a anciã, emocionada.

A mesma revelou ainda ter sido vítima de abuso sexual, alegadamente por dois homens identificados como "Pedro", que continuam em liberdade.

Dona Rosária, de 78 anos, também camponesa e moradora do bairro, afirma que vivem dias de angústia. Denuncia ainda que várias mulheres da zona já foram violadas sexualmente.

Segundo a fonte, os abusos seriam promovidos por membros da Comissão de Moradores, que alegadamente pretendem apropriar-se dos terrenos das camponesas, usando a força como método de intimidação.

Vicente Prata, também residente no P.P.H.S., confirma o clima de tensão e violência no bairro.

“Mais de sete idosas já foram violadas. Já fizemos denúncias, mas nunca tivemos resposta positiva das autoridades competentes”, lamentou.

Identificada por Cicília, outra moradora, garante que a violência,  tanto física como sexual, praticada por jovens supostamente afectos à Comissão de Moradores tem levado muitas mulheres a abandonar as lavras.

“Estamos cansadas. Dói ver rapazes da idade dos nossos filhos a violarem camponesas como se nada fosse”, desabafou.

Contraditório e posição da Comissão de Moradores

Recorde-se que, na semana passada, a nossa equipa de reportagem ouviu outro grupo de camponesas do mesmo bairro que também denunciavam agressões físicas e invasão das suas lavras. Segundo essas queixosas, os actos teriam sido supostamente ordenados por Mendes Simão Quissola, presidente do Conselho Fiscal da Comissão de Moradores do P.P.H.S.

Na altura, o acusado rejeitou categoricamente as acusações.

“Não invadimos terrenos de camponesas. Foram as residências delas que foram demolidas pela Administração do Distrito do Sequele. São elas as verdadeiras invasoras”, declarou em entrevista ao Ponto de Situação.

Acrescentou ainda que as declarações feitas pelas camponesas “não correspondem à verdade” e visam manchar a imagem da Comissão de Moradores.

Ameaças à Imprensa

Face às novas denúncias desta vez, referente ao abuso sexual, na tentativa de ouvir os acusados, no entanto, o exercício do contraditório foi inviabilizado, tendo o jornalista do Ponto de Situação sido ameaçado por indivíduos ligados à Comissão de Moradores, situação que comprometeu a continuidade da reportagem.

" De novo você, Katchama?  você não escuta, vaz ver!", intimidou Mendes Quissola,presidente do Conselho Fiscal da Comissão de Moradores do P.P.H.S.

Perante o risco à integridade física, foi necessário abandonar o local.

SAIBA MAIS EM: CAMPONESES DENUNCIAM TORTURAS FÍSICAS DE SUPOSTOS INVASORES DE TERRENOS NO MUNICÍPIO DO SEQUELE