PROFISSIONAL DOS MOTORES TORNA-SE AMBULANTE DE PICOLÉ
Albino Cassinda, de 30 anos, deixou a esposa e os três filhos na província do Bié e rumou para a capital angolana em busca de melhores condições de vida. Hoje, partilha uma residência com quatro amigos e percorre diariamente as ruas da Vila do Gamek, nas imediações do 1.º de Maio, vendendo picolés para sustentar a família.

Por: Angelino Katchama
Residente em Luanda há cerca de um ano, Albino chegou à metrópole em Abril de 2024, instalando-se inicialmente no bairro da Cerâmica, município de Cacuaco. Técnico de mecânica automóvel, viu-se confrontado com inúmeras dificuldades para encontrar trabalho na sua área de formação, o que o obrigou a procurar alternativas.
“Em 2025, devido às vicissitudes da vida, comecei a vender picolé para pagar os estudos dos meus filhos, que estão com a mãe no Bié”, contou.
O jovem relata que caminha quilómetros todos os dias, passando por zonas como Talatona, Samba, Kilamba Kiaxi, 1.º de Maio e até à Ilha de Luanda. “Enquanto o negócio não acabar, não paro de circular”, afirmou.
Apesar do esforço, o rendimento obtido é pouco compensador. “Trabalho de segunda a segunda, não tenho folga. Se alguém de boa fé puder ajudar-me, sou mecânico”, apelou.
A partilha de casa com quatro colegas visa a redução de despesas, embora enfrentem dificuldades para pagar a renda. O objectivo, segundo Albino, é poupar o máximo possível para, em breve, poder reunir-se novamente com a família.
“Quando o picolé não acaba, sofro descontos”, lamentou.
Albino Cassinda continua a esforçar-se para mudar a sua realidade. Reitera o apelo à sociedade para que o ajude a encontrar um emprego digno, de preferência como mecânico.
“Se alguém precisar de um mestre de viatura, estou aqui”, concluiu, acrescentando que a esposa é camponesa.