LÍDER DA UNITA APRESENTA VISÃO ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO DE ANGOLA
O Presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, apresentou esta segunda-feira, 7 de Julho, durante a III edição do ciclo de debates económicos “100 Makas”, a visão estratégica do seu partido para o desenvolvimento de Angola, com duras críticas à governação actual e ao modelo económico vigente.

O líder da maior força política na oposição afirmou que Angola perdeu mais de 600 mil milhões de dólares em consequência da corrupção, má gestão, fuga de capitais e oportunidades fiscais desperdiçadas ao longo dos anos.
“Vivemos hoje momentos de sérias preocupações”, alertou Adalberto Costa Júnior, sublinhando o impacto da gestão danosa nas condições de vida da população.
Segundo o presidente da UNITA, mais de 17 milhões de angolanos vivem actualmente em situação de pobreza e cerca de 13 milhões enfrentam a fome. No domínio da educação, criticou a ausência de uma política inclusiva e eficaz, ao apontar que “mais de quatro milhões de crianças estão fora do sistema de ensino”.
Na questão do emprego, revelou que Angola conta com cerca de 900 mil jovens em idade activa, mas que, anualmente, cerca de 200 mil ficam fora do mercado de trabalho, devido à fraca capacidade de geração de emprego por parte da economia nacional.
Crítica ao modelo económico e à execução orçamental
O líder do Galo Negro fez ainda menção ao Instrumento de Financiamento, aprovado em 2020, no valor de 3,7 mil milhões de dólares, com o objectivo de apoiar as reformas económicas do país. Contudo, explicou que o programa foi anulado, devido à violação dos compromissos fiscais e aos constrangimentos provocados pela pandemia da Covid-19.
“O Estado continua a gastar mais do que arrecada. Só em 2025, contraiu um empréstimo de 16 mil milhões de dólares, ao passo que gastou mais de 10 mil milhões em subsídios aos combustíveis, que beneficiam essencialmente as elites e não o povo”, acusou.
Adalberto Costa Júnior denunciou ainda que, em construção habitacional, o Estado terá gasto mais de dois mil milhões de dólares apenas este ano, com custos e consequências desastrosas para a sociedade, incluindo o risco de confiscação de recursos petrolíferos, práticas de sobrefacturação e esbanjamento de recursos naturais.
Num tom crítico, o presidente da UNITA defendeu uma nova abordagem para o país, alicerçada na transparência, produção nacional e investimento público eficaz.
“Angola continua a importar alimentos que poderia e deveria produzir. A Educação e a Saúde permanecem subfinanciadas, sobretudo quando comparadas com países como a Nigéria ou a África do Sul”, denunciou.
Com um discurso ancorado em dados, Adalberto Costa Júnior deixou claro que o modelo actual esgota as finanças públicas e compromete o futuro dos angolanos, apelando à necessidade de reformas profundas, inclusivas e sustentadas num novo pacto social e económico.