BANCO NACIONAL DE ANGOLA ADVERTE: MOEDAS METÁLICAS CONTINUAM VÁLIDAS
Tendo em conta a onda de rejeição das moedas metálicas de 10 e 20 kwanzas, registada em algumas províncias do país, o Banco Nacional de Angola advertiu, esta quarta-feira, 4, que essas moedas continuam a ter validade.
Segundo o banco central, não existem motivos para que os agentes económicos recusem as moedas metálicas de cinquenta cêntimos, um, cinco, dez, vinte, cinquenta, cem e duzentos kwanzas.
No comunicado de imprensa, o Banco Nacional alertou que todos os cidadãos que persistirem nessa conduta, sem motivo justificável, poderão ser responsabilizados, estando sujeitos a penas que variam entre 30 e 180 dias.
Desde o início desta problemática, o Portal Ponto de Situação divulgou duas matérias em que a população reagiu, manifestando preocupação com o impacto que esta rejeição poderia ter para o país, nomeadamente no aumento dos preços dos produtos no mercado.
Após a publicação da matéria com o título “Circulação de moedas metálicas de 10 e 20 kwanzas enfrenta rejeição”, surgiram novas denúncias, divulgadas no passado sábado, 31 de Maio, sob o título: “Febre de rejeição das moedas metálicas de 10 e 20 kwanzas chega ao Walale”.
Dona Vivi, que possui um tanque de água, garante que, nos últimos dias, ficou surpreendida ao dar o troco de 20 kwanzas a um cliente, o qual negou-se a recebê-lo, justificando que ouviu de um parente residente em Benguela para não começar a aceitar as moedas metálicas em questão.
“Dizem que já não estão a receber o dinheiro”, foi a única justificação que o cliente deu.
Um dia depois, disse que o cenário se repetiu, mas desta vez foi um adolescente que, segundo o pai, foi informado para não começar a receber as moedas metálicas.
A senhora que vende 25 litros de água por 80 kwanzas normalmente precisa dar troco. Diante desta situação, fica sem saber o que fazer, mas confessa que não é justo ficar com valores que não lhe pertencem.
A partir dos próximos dias, caso a rejeição continue, ela garante que será obrigada a vender a água por 100 kwanzas, para evitar que alguém saia sem receber o troco devido.
Por exemplo: “O sampapito que vendíamos a 10 kwanzas, agora estamos a vender cinco sampapitos por 50 kwanzas, para não ficarmos com o troco do cliente”, contou o cidadão identificado por Franciso, em declarações ao Ponto de Situação, no passado sabado, 31 de Maio.
Para evitar constrangimentos, os preços dos produtos estão a ser ajustados. A fonte revela que alguns artigos que custavam 70 ou 80 kwanzas passaram a custar dois produtos no valor de 150 kwanzas, e os que valiam 90 kwanzas agora são vendidos por 100.
O morador do bairro Walale declarou que, incluindo os motoqueiros, os responsáveis pelos tanques de água, catinas e vendedores ambulantes, a maioria já não está a aceitar as moedas, o que lhe causa preocupação, pois tem conhecimento de que o governo não anunciou a retirada das moedas metálicas do mercado.
O comerciante admitia que, nos dias seguintes, a “febre” poderia alastrar-se a outras zonas do país, caso as entidades competentes não interviessem. Essa situação, acabaria por levar os empresários com armazéns a rejeitar as moedas, por saberem que estas já não circulam entre a população, um fenómeno que começou a ser observado em várias artérias do país.
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