ONU EXIGE RESPOSTA URGENTE CONTRA A SECA E A DESERTIFICAÇÃO

Um apelo para que a humanidade acelere a acção pela conservação da Terra marca o 17 de Junho, data dedicada pela ONU como o Dia Internacional da Desertificação e da Seca. A meta é reverter a degradação e aumentar o financiamento para a sua restauração.

ONU EXIGE RESPOSTA URGENTE CONTRA A SECA E A DESERTIFICAÇÃO
ONU EXIGE RESPOSTA URGENTE CONTRA A SECA E A DESERTIFICAÇÃO

Este ano, o lema das Nações Unidas é: “Restaurar a Terra. Desbloquear as Oportunidades”.

Para o Secretário Geral, António Guterres, a degradação está a ocorrer a um ritmo alarmante. O custo para a economia global é de quase 880 mil milhões de dólares anuais, um valor que considera elevado face aos investimentos necessários para enfrentar o problema da desertificação e da seca.

Criação de empregos e impacto nas mulheres

António Guterres destacou que as secas estão a forçar pessoas a abandonar as suas casas, agravando a insegurança alimentar. O número de novos deslocados devido ao fenómeno está no “nível mais alto em anos”, caracterizou o líder da ONU.

A proposta para reparar os danos causados à terra prevê benefícios como: óptimo retorno sobre o investimento, redução da pobreza, criação de empregos e protecção do abastecimento de água. Prevê-se também melhoria na produção de alimentos, no acesso aos direitos fundiários e no rendimento, com ênfase nos pequenos agricultores e nas mulheres.

O chefe das Nações Unidas apelou aos governos, empresas e comunidades que acelerem a acção no âmbito dos compromissos globais sobre o uso sustentável da terra.Guterres incentivou que tais medidas sejam adoptadas para “curar a terra, aproveitar oportunidades e melhorar vidas”.

Regiões dependentes da terra e dos recursos naturais

Estima-se que, dos actuais 8 mil milhões de habitantes do planeta, mais de 1 mil milhão de jovens com menos de 25 anos vivam em países em desenvolvimento, sobretudo em regiões directamente dependentes da terra e dos recursos naturais para o seu sustento.

Uma das propostas de apoio a este grupo é a criação de perspectivas de emprego para as populações rurais, com melhoria do acesso ao ecoempreendedorismo e alargamento das boas práticas.

Acelerar o ritmo de implementação dessas medidas para a conservação da terra foi o tema dos 30 anos da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, celebrados em 2024.


Na 16.ª Conferência dos Estados Partes da Convenção, realizada em Riade, Arábia Saudita, foi impulsionado o envolvimento da juventude nas negociações.

Celebrado a 17 de Junho, o Dia foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1994, com a missão de sensibilizar a sociedade sobre os efeitos da desertificação e da escassez de água.

Desertificação e seca: causas e consequências

A desertificação é o processo de degradação da terra em áreas secas, resultando na perda de produtividade agrícola, na redução da biodiversidade, em dificuldades socioeconómicas para as populações locais e no aumento da fome entre os moradores dessas regiões.

A seca é caracterizada pela falta de precipitação, o que compromete o abastecimento de água para consumo humano, irrigação agrícola, manutenção dos ecossistemas e interfere na saúde e higiene das populações afectadas.

Estes fenómenos são agravados pelas alterações climáticas, por práticas agrícolas danosas ao ambiente e pela exploração indevida dos recursos naturais, afectando milhares de milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente em regiões áridas e semiáridas.

Iniciativas de combate

Entre as iniciativas ambiciosas destaca-se o projecto da Muralha Verde do Sahel, que visa, até 2030, plantar mais de 100 milhões de hectares de árvores.
Este projecto engloba países como a Gâmbia, Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Argélia, Níger, Nigéria, Camarões, Chade, Eritreia, Sudão e Sudão do Sul, que enfrentaram uma forte seca nos anos 60, intensificando a desertificação.

A ideia é construir um grande cinturão verde no Sahel, promovendo projectos de gestão sustentável, geração de empregos e impedindo que a desertificação, a seca, a insegurança alimentar e os efeitos das alterações climáticas se expandam para o sul de África.