DOENÇA DE PARKINSON: ESTUDO REVELA NOVOS CAMINHOS PARA DIAGNÓSTICO PRECOCE

A descoberta foi feita por uma equipa de cientistas da Universidade de Cambridge, da College London, da Polytechnique Montréal e do Instituto Francis Crick. O trabalho indica que o Parkinson começa a se desenvolver muitos anos antes de os sintomas se tornarem perceptíveis, abrindo caminho para estratégias de diagnóstico precoce.

DOENÇA DE PARKINSON: ESTUDO REVELA NOVOS CAMINHOS PARA DIAGNÓSTICO PRECOCE
DOENÇA DE PARKINSON: ESTUDO REVELA NOVOS CAMINHOS PARA DIAGNÓSTICO PRECOCE

Um estudo publicado na revista Nature Biomedical Engineering mostrou, pela primeira vez, a presença de pequenos aglomerados de proteínas no cérebro, conhecidos como oligômeros de alfa-sinucleína, que podem estar ligados ao início da doença.

Até então, o diagnóstico era baseado na detecção dos corpos de Lewy, grandes acúmulos de proteína que surgem apenas em fases avançadas da doença, quando os pacientes já apresentam tremores e dificuldades motoras.

A nova técnica de imagem utilizada no estudo permite visualizar estruturas bilhões de vezes menores que um metro, tornando possível identificar os oligômeros ainda em fases iniciais.

Segundo os cientistas, em cérebros de pessoas com Parkinson esses aglomerados aparecem em maior quantidade, mais brilhantes e com dimensões superiores em comparação a indivíduos saudáveis.

O resultado reforça que o Parkinson é uma doença que se desenvolve de forma silenciosa. “É a primeira vez que conseguimos observar oligômeros directamente em tecido cerebral humano nessa escala: é como conseguir ver estrelas em plena luz do dia”, afirmou Rebecca Andrews, uma das autoras do estudo.

Os investigadores destacam que a presença desses oligômeros não significa, por si só, a instalação imediata da doença. Contudo, a sua concentração e características específicas podem indicar os primeiros gatilhos do processo degenerativo.

Apesar do avanço, os cientistas ressaltam que a descoberta não representa ainda um tratamento. Os medicamentos atuais continuam focados em aliviar sintomas como tremores e rigidez, sem impedir a progressão da doença.

O estudo, no entanto, abre novas possibilidades para desenvolver exames de diagnóstico mais precisos e formas de monitorar a eficácia de terapias em investigação. Mapear o processo desde os primeiros sinais pode ser decisivo para atrasar ou até prevenir a manifestação clínica da doença.

O grupo de pesquisa pretende agora ampliar os testes em diferentes perfis de pacientes e explorar como os oligômeros evoluem ao longo do tempo. Também será necessário avaliar de que forma esses aglomerados podem ser usados como biomarcadores confiáveis em exames clínicos.

Segundo os especialistas, entender os mecanismos que antecedem os sintomas pode revolucionar a abordagem do Parkinson e transformar o cuidado com milhões de pessoas em todo o mundo.

A Doença de Parkinson é uma enfermidade neurológica crônica e degenerativa que causa a perda das células produtoras de dopamina na substância negra do cérebro, resultando em sintomas motores como tremores em repouso, lentidão de movimentos (bradicinesia), rigidez muscular e problemas de equilíbrio. 

A doença é progressiva e não tem cura, mas o tratamento visa controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente através de medicamentos como a levodopa, fisioterapia e, em alguns casos, cirurgia.