PSICÓLOGA ALERTA QUE PROBLEMAS MENTAIS TAMBÉM PODEM TER ORIGEM GENÉTICA
A psicóloga Elvira Nambalo defende que os problemas de saúde mental devem ser vistos como uma prioridade nacional e alerta que, para além de factores sociais e económicos, muitos transtornos podem ter origem genética, exigindo maior atenção preventiva por parte da sociedade.
Segundo a especialista, a saúde mental é um estado de bem-estar emocional, psicológico e social, que permite ao indivíduo lidar com as exigências da vida, desenvolver as suas capacidades, trabalhar de forma produtiva e contribuir para a comunidade.
“Quando falamos de saúde mental, referimo-nos ao estado de equilíbrio que cada pessoa deve ter para conseguir enfrentar as adversidades da vida”, explicou.
Elvira Nambalo sublinhou que visitas regulares ao psicólogo, alimentação saudável, prática de exercício físico e um bom padrão de sono, são factores essenciais para a manutenção da saúde mental.
Entre as causas mais comuns de transtornos, apontou problemas económicos e sociais, traumas de infância e factores culturais, que podem desencadear em estresse e, consequentemente, doenças mentais.
“Muitos pensam que o psicólogo é apenas para quem tem perturbações mentais, mas estamos cá para ajudar qualquer pessoa com problemas emocionais ou ansiedade, antes que a situação evolua para um transtorno grave”, afirmou.
Elvira Nambalo acrescentou que não existe idade específica para procurar um psicólogo e que todas as faixas etárias podem beneficiar desse acompanhamento. Por trabalhar num centro materno-infantil, a maioria dos seus pacientes são mulheres, sendo os casos mais recorrentes destaca a ansiedade e depressão, especialmente em mães que perderam os seus bebés.
A psicóloga reconheceu que a saúde mental continua a ser negligenciada na sociedade.
“Muitos acreditam que conseguem ultrapassar sozinhos as fases difíceis, mas é preciso perceber que o psicólogo estudou para isso e possui técnicas para ajudar a pessoa a sair do caos mental”, destacou, acrescentando que “toda a ajuda é válida, mas é essencial a intervenção de um profissional de psicologia”.
A própria especialista salientou que os psicólogos também sofrem desgaste emocional. “Somos humanos e não somos excepção. Também devemos procurar ajuda com outros profissionais”, frisou.
Sobre os recentes casos de suicídio de dois funcionários afectos ao Ministério do Interior, um efectivo da Polícia Nacional e outro do Serviço de Migração e Estrangeiros, ocorridos em Agosto e Setembro, a profissional admitiu que podem existir outras questões para além do ambiente laboral.
“O problema no trabalho pode ter funcionado apenas como mais um gatilho para o desfecho trágico”, observou.
A psicóloga alertou ainda para os riscos do estresse laboral não tratado, que pode evoluir para síndrome de burnout – um distúrbio emocional e físico caracterizado por exaustão extrema, desmotivação, irritabilidade, sentimentos de incompetência e apatia, podendo levar a outros problemas de saúde mental e física.
“Normalmente estas pessoas irritam-se com facilidade, têm conflitos nos relacionamentos, estão constantemente tristes. Na depressão, chegam a perder o interesse pelo trabalho, por si próprias e até pela vida”, explicou.
Quanto aos custos de uma consulta ou tratamento do fórum psicológico, referiu que, em consultórios privados, cada profissional estabelece o seu preço, e admitiu que as consultas não são baratas. Contudo, informou que, a nível dos hospitais públicos, há consultas de psicologia gratuitas, integradas na especialidade de psiquiatria.
Além das mulheres, muitos jovens também procuram o seu consultório, em grande parte por estarem mais informados sobre questões psicológicas através das redes sociais.
“Falta ainda mais divulgação para que as pessoas percebam a importância de cuidar da mente”, reconheceu.
Como recomendação, apelou ao público para procurar um psicólogo sempre que estiver a enfrentar luto, problemas de relacionamento, baixa autoestima, angústia ou medo extremo.
“Não vamos calar-nos. O psicólogo está aí para ajudar no bem-estar da sociedade”, concluiu.
Por fim, aconselhou a população a não negligenciar a saúde mental, dando-lhe a mesma prioridade que a saúde física.
“Estamos aqui para cuidar e orientar”, rematou.