ATÉ 2030 QUASE METADE DAS MULHERES PODERÁ ESTAR SOLTEIRA E SEM FILHOS
Uma pesquisa americana projeta que, até 2030, 45% das mulheres entre 25 e 44 anos estarão solteiras e sem filhos. O número já supera os 41% registados em 2018 e reflete um conjunto de mudanças culturais e económicas em curso.
Redacção
Segundo especialistas, este fenómeno, denominado de “ascensão da mulher solteira”, não representa uma rejeição ao casamento ou à maternidade, mas sim uma redefinição de prioridades assente na busca por independência financeira e realização profissional.
No Brasil, estudos seguem a mesma tendência. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) identificou, em 2023, um aumento de 1,7 milhão de mães solo em dez anos. Em 2022, havia 11,3 milhões de mulheres nessa condição, número que continuou a crescer em 2023.
No mesmo ano, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) registou um marco histórico: 100,9 milhões de pessoas ocupadas, incluindo 43,3 milhões de mulheres ativas no mercado de trabalho, um recorde em comparação com 2022.
Contudo, os avanços convivem com realidades duras. Só em 2024, o Brasil registou 1.492 casos de feminicídio e mais de 87 mil estupros. Para muitas mulheres, experiências marcadas por abuso emocional, traições, sobrecarga doméstica, desrespeito e violência influenciam a decisão de permanecer solteiras.
De acordo com a economista Ellen Zentner, a maternidade continua a ser um dos principais factores de desigualdade salarial entre géneros. Por isso, para muitas, a solteirice surge como estratégia de autoproteção e autonomia. Relatos apontam que viver fora de relações afectivas com homens permitiu recuperar paz, foco pessoal e liberdade.
Se a previsão se confirmar e 45% das mulheres estiverem solteiras até 2030, especialistas acreditam que não se tratará de uma crise de vínculos, mas sim de um redesenho das formas de amar, conviver e construir comunidades. A estrutura do afecto está em transformação e as mulheres são protagonistas dessa mudança.
