LUANDA REGISTA AUMENTO DO PREÇO DO MATERIAL ESCOLAR APÓS INÍCIO DO ANO LECTIVO
Em vários pontos de Luanda, pais e encarregados de educação queixam-se das dificuldades para adquirir material escolar, devido ao aumento contínuo dos preços.

Manuel Reis, 36 anos, residente em Luanda e especialista em saúde mental, lamentou a situação e defendeu que se deve olhar para a educação como “fonte de resolução e resgate da maldade, para o desenvolvimento e para a paz”.
“É preciso que as nossas instituições, em particular o Ministério da Educação, olhem para a importância do conhecimento como prioridade”, afirmou Manuel Reis.
O especialista alertou que a alteração dos preços do material escolar pode afectar de forma significativa o processo de ensino e aprendizagem, dificultando o acesso dos estudantes ao conhecimento e colocando os encarregados de educação numa situação difícil.
Manuel Reis acrescentou que, para se ter um país desenvolvido, é necessário apostar na educação e no conhecimento, começando pelos fornecedores de material didáctico, que deveriam encontrar formas de distribuir gratuitamente os produtos e apoiar aqueles que estão fora do sistema de ensino.
“Um país sem educação nem ensino é um retrocesso. Estaríamos a criar problemas na sociedade, como delinquência, prostituição e vandalismo. O conhecimento agrega posicionamento assertivo na vida de qualquer indivíduo”, disse.
Segundo o entrevistado, a maior dificuldade durante as compras foi a aquisição dos livros, que o Governo havia prometido distribuir gratuitamente.
“Não vejo necessidade de comercializar os livros. Esse foi um dos momentos que mais me marcou”, desabafou.
Alex, 25 anos, funcionário de uma loja que comercializa material escolar no Benfica, garantiu que os preços no seu estabelecimento são fixos e que, independentemente da época, os clientes recebem um desconto de 5 a 10% em compras superiores a 10 mil kwanzas.
O trabalhador reconheceu, que os preços variam muito conforme a zona onde os materiais são vendidos, situação que considera preocupante.
Dona Sandra, 35 anos, encarregada de educação, manifestou-se indignada com a subida constante dos preços.
“Os preços subiram muito. Estes comerciantes deviam reduzir um pouco os preçários para conseguirmos comprar os materiais das nossas crianças. Eu tenho uma filha na 5.ª classe e o livro de Língua Portuguesa custa entre 7.000 e 7.500 kwanzas. Com o meu negócio, comprando todos os livros, onde é que eu vou parar?”, questionou.
A situação económica difícil do país tem levado muitos revendedores a aumentar ainda mais os preços, dificultando o acesso ao material escolar.
Manuel Reis aconselhou os pais e encarregados de educação a planearem as compras antes do início do ano lectivo ou logo após o seu encerramento, quando os preços tendem a ser mais acessíveis.
“O maior presente que um pai pode dar a um filho é a educação. Não se frustrem, façam o que puderem”, concluiu.
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