ESPECIALISTAS ALERTAM PARA O PERIGO DE DORMIR COM O TELEMÓVEL DEBAIXO DA ALMOFADA
Quem é o melhor amigo do homem, o cão? Não, o telemóvel! O telefone portátil concebido inicialmente para transformar os impulsos eletrónicos na voz humana, evoluiu ao longo do tempo e com ele a relação entre este e o homem.

Na escola, trabalho, igreja e até no banheiro, o telemóvel revelou-se o companheiro fiel e uma companhia indispensável para o homem. Hoje, o telemóvel é tão indispensável para o homem ao ponto de ser carregado a todo momento e por toda a parte.
O hábito de dormir com o telemóvel sobre cama e, especialmente, debaixo da almofada tem se tornado comum, nalguns casos pela necessidade de usá-lo como despertador pela manhã ou até mesmo por segurança, seja como for, o uso deste aparelho durante a noite é inegável. Mas o que acontece quando deixamos este eletrónico debaixo da almofada enquanto dormimos?
Uma das questões mais faladas em torno dos riscos da proximidade do telemóvel é a possível exposição à radiação emitida por este dispositivo. A Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC) da OMS, classificou os campos electromagnéticos de radiofrequência como possível cancerígenos para humanos (Grupo 2B), com base em um risco aumentado de glioma, um tipo de câncer cerebral maligno associado ao uso de telefones sem fio.
O Doutor Jonathan Samet, presidente do grupo de trabalho, indicou que “os dados, que se acumulam constantemente, são suficientes para concluir sobre a classificação em 2B. Essa classificação significa que pode haver um risco e, por tanto, a possível ligação entre telefones celulares e o risco de câncer deve ser monitorada de perto”.
Por sua vez, Christopher Wild, director da IARC realçou a importância de se tomar medidas práticas para que se reduza a exposição.
“Dadas as implicações dessa classificação e essas descobertas para a saúde pública, é crucial que mais pesquisas sejam realizadas sobre o uso intensivo e prolongado de telefones celulares”, recomendou.
No entanto, o possível câncer não é o único risco da proximidade com o telemóvel, especialistas alertam que é necessário prestar uma atenção especial ao superaquecimento.
Os aparelhos celulares, na sua maioria, têm uma bateria de lítio que concentra mais energia que as tradicionais, por isso, o risco de um incêndio ainda mais potente em caso de superaquecimento é aumentado, conforme explicou o engenheiro especialista em riscos e seguranças, Gerardo Porleta, em entrevista à CBN.
“Não é um incêndio normal como os outros materiais que estamos acostumados a lidar no dia a dia. É lítio, então é um material cuja combustão alcança temperaturas muitos mais altas do que, por exemplo, a gasolina ou hidrocarbonetos”, afirma.
Segundo Portela, todos os aparelhos actualmente são pensados de forma similar tecnologicamente e podem ser impulsionados por materiais inflamáveis, logo não importa o modelo ou a marca do telemóvel.
"Se ele tiver um superaquecimento, ele vai ter um gradiente de aumento de temperatura ainda maior por confinamento e, além disso, com materiais inflamáveis, como espumas que emanam gases extremamente tóxicos e letais, e o próprio material da roupa de cama. Isso com uma pessoa que está desacordada. Sem seus sentidos plenos, a demora de resposta a qualquer evento acidental é muito mais lenta".
O especialista recomenda que se mantenha o celular longe da cama, o conveniente, afirma, seria coloca-lo sobre a mesa, em especial, o ideal é que esteja desligado ou, pelo menos, sem estar ligado a energia eléctrica.
"O melhor jeito de deixar o celular durante o período de sono é em qualquer lugar longe da cama. Jamais durma com o telefone sendo carregado porque na operação de carregamento ela pode deflagrar um processo de superaquecimento, pode acontecer um princípio de incêndio e até mesmo uma explosão", finaliza.
Os telemóveis aquecem sempre que estão em funcionamento e ainda mais durante o carregamento. Debaixo da almofada, o calor não tem por onde escapar, o tecido actua como isolante, o que faz com que a temperatura aumente.
Como se o câncer e o superaquecimento não representassem riscos suficientes, alguns especialistas alertam ainda, que dormir com o telemóvel tão próximo interfere directamente com a qualidade do sono. As notificações, vibrações e sons interrompem o descanso. A luz do ecrã reduz a produção de melatonina, a hormona que regula o sono.
Qualquer distúrbio no sono pode causar queda na produtividade, instabilidade emocional e até doenças crônicas, o que aumenta a preocupação em torno do uso inadequado dos aparelhos celulares e de como, aos poucos, estes têm impacto sobre a vida do homem.