TERRA VAI GIRAR MAIS RÁPIDO E TERÇA-FEIRA SERÁ O DIA MAIS CURTO DO ANO
A Terra vai girar, esta terça-feira, 22 de Julho, mais rapidamente que o habitual em torno do seu próprio eixo, o que fará com que o dia seja o mais curto do ano até agora.
1.
O fenómeno, embora imperceptível a olho nu, já se verificou no início deste mês, quando o mundo teve um dia ligeiramente mais curto, com perda de alguns milissegundos. Desta vez, a redução será ainda maior.
No passado dia 9 de Julho, a Terra completou uma rotação em menos tempo do que o normal, mas nesta terça-feira, o planeta vai reduzir 1,34 milissegundo ao tempo total de rotação, o equivalente a menos de um sopro no tempo cósmico.
O que está a acontecer?
Em média, a Terra leva 86.400 segundos (exactamente 24 horas) para completar uma volta sobre si mesma. Quando esse tempo varia, ainda que ligeiramente, registam-se os chamados “dias curtos”.
Se estás a pensar que vais perder tempo, respira: não vais notar. Um simples piscar de olhos dura cerca de 300 milissegundos ou seja, o dia de terça-feira será encurtado em menos de meio por cento de um piscar.
Um fenómeno que se repete
Apesar de parecer extraordinário, o fenómeno não é raro. Ainda em 2025, já se registou um dia mais curto a 9 de Julho, e outra pequena redução está prevista para o dia 5 de Agosto.
Até 2005, o dia mais curto de que havia registo era 5 de Julho desse ano, com 1,0516 milissegundos a menos do que as 24 horas convencionais. Mas, em 2020, a Terra bateu recordes sucessivos, registando 28 dos dias mais curtos de sempre, desde que se começaram a usar relógios atómicos, na década de 1960.
O recorde absoluto deu-se a 29 de Junho de 2022, quando a Terra girou tão rápido que o dia teve menos 1,59 milissegundos do que o normal.
Mas… porquê tanta pressa?
Cientistas explicam que, ao longo da história, variações na rotação da Terra são comuns. Por norma, o planeta tende a girar cada vez mais devagar. Há milhares de milhões de anos, por exemplo, um dia durava apenas cerca de cinco horas. No entanto, essa desaceleração não é constante: há momentos em que, por motivos ainda não totalmente compreendidos, a Terra acelera ligeiramente a sua rotação.
Segundo Fernando Roig, director do Observatório Nacional do Brasil, "essa aceleração momentânea pode estar ligada a factores como a actividade no núcleo da Terra, o movimento dos oceanos e da atmosfera, entre outros".
Apesar de os cientistas não saberem ao certo o que motiva essa alteração específica, sublinham que não há motivo para alarme. O fenómeno é natural, e a diferença de tempo, mínima.
Impactos e correcções no tempo oficial
Mesmo pequenas alterações, se acumuladas ao longo do tempo, podem causar descompassos nos nossos relógios. Para corrigir esse desalinhamento, os cientistas usam o chamado “segundo bissexto”, que pode ser adicionado ou retirado à hora oficial, consoante a Terra se atrase ou se adiante.
Desde 1973, o Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) já adicionou 27 segundos bissextos à contagem do tempo. Mas se os dias mais curtos continuarem, poderá surgir a necessidade de um segundo bissexto negativo ou seja, retirar um segundo aos nossos relógios para acompanhar a rotação mais rápida do planeta.
“Ainda não sabemos se será necessário. Tudo depende de quanto tempo esta tendência vai durar”, explicou o investigador Jones.