TRIBUNAL CONDENA TRÊS PESSOAS POR TRÁFICO DE SERES HUMANOS EM FRANÇA
Um tribunal francês condenou, na segunda-feira, 21 de Julho, uma empresária e outras duas pessoas a penas de prisão por tráfico de seres humanos, por explorarem trabalhadores em condições degradantes, durante a colheita de uvas na região vinícola de Champanhe, em 2023.

Entre os condenados está a directora da empresa de serviços vitivinícolas Anavim, considerada responsável por submeter cerca de cinquenta trabalhadores, muitos deles imigrantes indocumentados – a maus tratos. As vítimas foram alojadas em condições desumanas, em edifícios insalubres, com instalações eléctricas perigosas, sanitários obsoletos e colchões estendidos no chão.
Outras duas pessoas foram também sentenciadas a penas de dois e três anos de prisão, uma delas em regime fechado, por envolvimento directo no recrutamento dos trabalhadores.
“É uma decisão exemplar, que leva em consideração o número de vítimas e as condições em que foram empregues e exploradas”, afirmou Maxime Cessieux, advogado das vítimas, sublinhando o carácter histórico do caso no contexto de tráfico de pessoas para fins laborais em França.
Segundo o presidente do tribunal, os factos são de “gravidade excepcional” e justificam a dissolução da sociedade Anavim. Além disso, uma cooperativa vinícola que comprava a produção da empresa foi multada em 75 mil euros.
O tribunal determinou ainda uma indemnização de 4 mil euros a ser paga a cada vítima.
Durante o julgamento, alguns trabalhadores prestaram testemunho em tribunal. Modibo Sidibe relatou que foram colocados num edifício abandonado, sem acesso a água ou alimentação, e obrigados a trabalhar das 5h às 18h, sem pausas. Quando Camara Sikou foi questionado sobre como havia sido tratado, respondeu de forma crua: “Como escravos”.