“70% DA POPULAÇÃO ANGOLANA NÃO TEM ALIMENTAÇÃO DIGNA”
O Director Executivo da organização Friends of Angola (FoA), Florindo Chivucute, denunciou esta terça-feira, 5 de Agosto, que cerca de 70% da população angolana carece de uma alimentação digna, acusando o Governo de falta de vontade política para inverter o quadro.

Em declarações ao Ponto de Situação, à margem da conferência de imprensa, sobre a paralisação dos taxistas e das alegadas execuções sumárias ocorridas em Luanda, Florindo Chivucute lembrou que “a vida humana é um bem inviolável”.
O activista declarou que o Estado angolano deve assumir as suas responsabilidades e esclarece que a Constituição não prevê pena de morte, sendo que cada cidadão está consciente de que a vida é inviolável à luz da lei.
Florindo Chivucute espera que os responsáveis pelas mortes registadas durante a greve dos taxistas devem ser levados às barras dos tribunais.
“Setenta por cento da população angolana não tem uma alimentação digna. É triste, a realidade dos angolanos”, lamentou, ao olhar para a realidade social do país.
Para o representante da FoA, a maioria dos cidadãos não tem acesso a três refeições diárias e a fome permanece como uma das grandes feridas sociais. Sublinhou ainda que não se pode normalizar o sofrimento colectivo, reforçando que o diálogo deve ser sempre o caminho preferencial para a resolução dos conflitos.
“Quando as pessoas reclamam, é porque a situação é preocupante”, alertou.
Na mesma ocasião, o Padre Celestino Epalanga, da Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Integridade da Criação, estrutura ligada à CEAST, condenou os acontecimentos registados na província de Malanje, classificando-os como “lastimáveis”.
Segundo o sacerdote, foram registadas oito mortes, contrariando os sete óbitos anunciados pela Polícia Nacional. Denunciou ainda que seis cidadãos terão sido mortos a queima-roupa por efectivos da corporação.
“É inadmissível, num Estado democrático e de direito, assistir-se a execuções sumárias”, afirmou, sublinhando que “não nos podemos habituar à cultura da morte”.
Padre Celestino recordou ainda o massacre do Monte Sume, no Huambo, em que dezenas de pessoas perderam a vida, lamentando que, até ao momento, não haja resultados visíveis dos inquéritos prometidos.
Também presente na conferência de imprensa, o activista Serra Bango apelou à responsabilização criminal dos autores das possíveis execuções sumárias e reforçou a necessidade de justiça e transparência.
O encontro com a imprensa teve lugar nesta terça-feira, 6 de Agosto, promovido pelas organizações: Comissão Episcopal de Justiça e Paz e Integridade da Criação, Pro Bono Angola, Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) e Friends of Angola (FoA).
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