CHANTAGEM E BURLA SEXUAL CHEGAM A 14 PAÍSES AFRICANOS INCLUINDO ANGOLA
Uma operação internacional contra o cibercrime, conduzida pela Interpol, resultou na detenção de 260 suspeitos ligados a esquemas de chantagem com imagens íntimas ou sexualmente explícitas em redes sociais, abrangendo 14 países africanos, entre os quais Angola e Guiné-Bissau.

De acordo com um comunicado da organização, a operação permitiu a apreensão de 1.235 dispositivos electrónicos em países como Angola, Guiné-Bissau, Gana, Senegal e Costa do Marfim.
«A operação centrou-se em redes criminosas transnacionais que exploram plataformas digitais, sobretudo redes sociais, para manipular vítimas e extorqui-las financeiramente», referiu a Interpol.
As investigações revelaram práticas de burlas românticas, em que os perpetradores estabelecem relações virtuais com o intuito de obter dinheiro – e casos de extorsão sexual, nos quais as vítimas eram coagidas mediante a ameaça de divulgação de imagens e vídeos explícitos.
As forças policiais dos países envolvidos identificaram endereços IP, domínios digitais, infraestruturas tecnológicas e perfis em redes sociais de membros suspeitos destas redes fraudulentas.
No total, foram identificadas quase mil vítimas, com perdas financeiras avaliadas em 2,8 milhões de dólares (cerca de 2,4 milhões de euros), segundo dados partilhados entre investigadores, com apoio da Interpol e de empresas privadas como a Group-IB e a Trend Micro.
“As unidades de combate ao cibercrime em África estão a reportar um aumento acentuado de crimes digitais, como a extorsão sexual e as burlas românticas. O crescimento das plataformas online abriu novas oportunidades para redes criminosas explorarem vítimas, causando perdas financeiras e danos psicológicos”,alertou Cyril Gout, director executivo interino dos serviços policiais da Interpol.
No Gana, foram detidas 68 pessoas, apreendidos 835 dispositivos e identificadas 108 vítimas. As perdas financeiras ascenderam a 450 mil dólares (383 mil euros), dos quais 70 mil foram recuperados.
Em Angola, as autoridades detiveram oito indivíduos e identificaram 28 vítimas, nacionais e estrangeiras, sobretudo em redes sociais. Os criminosos recorriam a documentos fraudulentos para criar identidades falsas, facilitando transacções financeiras e ocultando a sua verdadeira identidade.
No Senegal, a polícia prendeu 22 suspeitos, desmantelando uma rede que se fazia passar por celebridades para manipular vítimas em redes sociais e plataformas de encontros. Foram enganadas 120 pessoas, num valor total de 34 mil dólares (29 mil euros). Durante a operação, foram apreendidos 65 dispositivos, documentos falsos e registos de transferências de dinheiro.
Já na Costa do Marfim, 24 suspeitos foram detidos e 29 dispositivos apreendidos. Foram identificadas 809 vítimas de uma rede criminosa que criava perfis falsos para manipular pessoas vulneráveis e levá-las a partilhar imagens íntimas, usadas depois para chantagem.
A operação contou com a participação das autoridades de Angola, Guiné-Bissau, Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Quénia, Nigéria, Ruanda, Senegal, África do Sul, Uganda e Zâmbia.