SERÁ QUE SALIVAR A CRIANÇA OU ATRIBUIR-LHE O NOME DE ALGUÉM PODE INFLUENCIAR A SUA PERSONALIDADE?

Salivar a criança ou atribuir-lhe chará torna a sua personalidade idêntica à da pessoa que praticou tal acto? É sobre isso que o Portal Ponto de Situação procurou saber das pessoas, e constatou que muitos, principalmente jovens, não acreditam nesta ‘‘tradição’’.

SERÁ QUE SALIVAR A CRIANÇA OU ATRIBUIR-LHE O NOME DE ALGUÉM PODE INFLUENCIAR A SUA PERSONALIDADE?

A pergunta que não se quer calar: uma saliva ou uma nomeação pode determinar quem a pessoa será? 

Nossa primeira entrevistada, dona Cristina Sampaio, de 70 anos, moradora do projecto Nova Vida, vendedora há mais de seis anos, acredita ser possível que ao pôr saliva na criança haverá sim a possibilidade dela adquirir o comportamento da pessoa que o fez.

‘‘Eu tinha uma chará, a mesma já é falecida, e eu tenho os mesmos comportamentos que ela’’, confessou a anciã.

A equipa do portal não parou por aí, percorreu o município da Maianga,  no hospital Ana Paula, é lá onde continuamos com a  nossa reportagem.

Antónia, de 28 anos natural do Cuanza Sul, disse nunca ter ouvido falar sobre o assunto, sorrindo disse ser mito.

‘‘Tenho uma chará de 12 anos, ela é calma, não tem o mesmo temperamento acelerado que eu’’, disse jurema de 31 anos.

Jurema acrescentou ainda, que esta cultura de pôr saliva na criança depende muito de cada geração, e que não aceita tal prática. A mesma apelou a ser pôr fim com esta prática, porque  ninguém conhece as reais intenções das pessoas.

Na ocasião, quem não quis ficar de fora é dona Natália de 42 anos, vendedeira de paracuca há mais de 3 anos, falou a reportagem do Ponto de Situação sem deixar de atender os seus clientes.

 ‘‘Não acredito, para mim isso é mentira”, acresceu.

Natália, que já ouviu falar no assunto, não acredita ser possível deitar saliva num ser inocente, e tudo para poder ter a mesma semelhança. “Todos nós viemos de Deus, ele é o único que pode conhecer o comportamento de cada um”.

Deu ainda exemplo de que,  existem charás “voadoras [envolvidas em praticas de feitiçaria] e com má conduta. Eu como mãe não nomearia o meu filho para que não seja como ele/a.”, avançou.

Dona Sara Nazareno de 36 anos, disse que o ter semelhança com a outra pessoa, depende muito do factor genético, ‘‘mas atendendo ao facto de sermos africanos, estamos expostos a várias tradições’’.

‘‘As palavras têm poder”. 

Segundo dona Sara, quando se nomeia alguém  e a mesma cospe esta criança, pode sim herdar o carácter da tal pessoa porque ela cuspiu e usou palavras, ‘‘as palavras têm poder”.  

“Quanto aos pais, devem avaliar esta questão da nomeação para não cair em desgraça” disse Sara.    

Testemunho de quem já viveu a situação é não gostou do acto

Carlos de Guimarães, de 30 anos, morador do Rocha Padaria,  disse acreditar neste ritual.

‘‘Quando estamos a nomear temos de saber porque, pois, isso pode dar frutos, é o que se diz quem semeia colhe”, contou Guimarães.

O entrevistado contou que, quando o seu filho chegou ao mundo, a família da mulher queria partir por esta conduta da “saliva” a mesma era a chará do menino, triste com situação não concordou.

 ‘‘Não vejo sentido algum em fazer isso, uma criança sem noção de nada, não existe explicação para este tipo de acção”, aconselhou.

Este é um assunto que não se esgota.

De acordo ao que foi descrito nesta reportagem, as opiniões divergem, onde uns acreditam, outros não e tem um terceiro grupo que nunca ouviu falar.

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