LOTADORES PREOCUPADOS COM POSSÍVEL FIM DAS SUAS ACTIVIDADES NAS PARAGENS DE LUANDA

Lotadores de várias zonas da cidade de Luanda manifestam preocupação com a nova medida que prevê a sua retirada das paragens de táxi. Rejeitam, igualmente, as acusações que lhes atribuem responsabilidade parcial pelos actos de vandalização de património público e privado registados entre 28 e 30 de Julho.

LOTADORES PREOCUPADOS COM POSSÍVEL FIM DAS SUAS ACTIVIDADES NAS PARAGENS DE LUANDA

"Reunimos com os responsáveis da ANATA para que o problema fosse resolvido, todavia sem sucesso", revelou um dos lotadores.

Manuel Vunge afirmou que pagam uma taxa diária de 10 mil kwanzas à Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA). Muitos dizem depender exclusivamente desta actividade para sustentar as suas famílias e temem o agravamento das condições de vida caso a medida seja efectivamente aplicada pelas autoridades.

Manuel Estevão recorda que muitos dos lotadores, no passado, se dedicavam a actividades ilícitas, mas que, graças a este trabalho, conseguiram abandonar a vida do crime. Pai de sete filhos, garante que, com os rendimentos diários, consegue pagar as propinas escolares e cobrir as restantes despesas familiares.

O entrevistado teme, contudo, que vários dos seus colegas regressem a práticas criminosas, caso a anunciada decisão de retirar os lotadores das paragens venha a concretizar-se.

"Com este trabalho, aproveitamos para ganhar a vida de forma digna", acrescentou.

Recentemente, o subcomissário da Polícia Nacional, Mateus Rodrigues, declarou que a presença dos lotadores nas paragens de táxi representa um problema para a segurança pública, acusando-os de obrigar os taxistas a pagar uma taxa sempre que estes se fazem presente nas paragens, sob ameaça de vandalizar as viaturas ou agredir os motoristas.

O também porta-voz da corporação assegurou que, sempre que há paralisação dos taxistas, os lotadores são normalmente os primeiros a iniciar, alegadamente, actos de vandalização.

No caso específico dos acontecimentos de Julho, muitos lotadores, que se recusaram a prestar declarações gravadas,  negaram ser os principais responsáveis pela pilhagem de estabelecimentos comerciais e pela destruição de bens públicos e privados.

Segundo apurou o Ponto de Situação, actualmente, em Luanda, a Associação dos Taxistas e Lotadores de Angola (ATLA) controla mais de cinco mil lotadores.