LULA RESPONDE A TRUMP E SUBLINHA QUE SOBERANIA DO BRASIL “É INEGOCIÁVEL”

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu de forma firme a soberania do seu país e condenou veementemente o “genocídio em curso” em Gaza, durante o discurso de abertura da 80.ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada esta terça-feira, 23 de Setembro, em Nova Iorque.

LULA RESPONDE A TRUMP E SUBLINHA QUE SOBERANIA DO BRASIL “É INEGOCIÁVEL”

Lula da Silva, sem mencionar directamente Donald Trump, referiu-se à recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, classificando-a como um recado para todos os que atentam contra o Estado de direito.

“Falsos patriotas tramam e promovem publicamente acções contra o Brasil. A pacificação não pode ser arquivada impunemente. Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos da nossa história, um antigo chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado de direito democrático. Foi investigado, acusado, julgado e responsabilizado pelos seus actos no âmbito de um processo exaustivo”, afirmou Lula.

O Presidente brasileiro reforçou que “a democracia e a soberania do Brasil não são negociáveis” e garantiu que o país “continuará a ser uma nação independente e um povo livre de qualquer tipo de tutela”.

As declarações surgem depois de Donald Trump ter criticado publicamente o julgamento de Bolsonaro, classificando-o como uma “caça às bruxas”. Em Julho, a administração norte-americana impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, citando o caso de Bolsonaro entre os motivos da decisão.

No seu discurso, Lula acusou a administração Trump de tentar influenciar a decisão do Supremo Tribunal brasileiro.

O Presidente brasileiro falou ainda sobre o papel do Brasil no bloco BRICS, que integra Rússia, Índia, China e África do Sul e alertou para a crescente polarização global que, segundo ele, traz instabilidade também para a América Latina.

“Manter a região como uma zona de paz sempre foi e continua a ser a nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição maciça, sem conflitos étnicos ou religiosos. A equiparação da criminalidade ao terrorismo é preocupante. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para suprimir o branqueamento de capitais e limitar o comércio de armas. O uso da força letal em situações que não constituem conflito armado é equivalente à execução de pessoas sem julgamento”, defendeu.

Sobre o conflito no Médio Oriente, Lula condenou os ataques do Hamas, mas criticou duramente a resposta militar de Israel:

“Nenhuma situação é mais emblemática do uso desproporcionado e ilegal da força do que a da Palestina. Os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo, mas nada, absolutamente nada justifica o genocídio em curso em Gaza.”

O discurso de Lula foi longamente aplaudido e manteve a tradição de o Brasil ser o primeiro país a intervir na sessão plenária desde 1947.

Na sequência, Donald Trump subiu ao púlpito e respondeu às declarações do homólogo brasileiro, justificando as tarifas impostas ao Brasil como “mecanismo de defesa da segurança nacional”.

“O Brasil enfrenta estas tarifas duras por interferir nos direitos e liberdades dos cidadãos norte-americanos”, afirmou Trump, que, num tom bem-humorado, revelou ter cumprimentado Lula antes do discurso.

 “Encontrei-o no corredor, abraçámo-nos, e disse-lhe que ia dizer estas coisas nos próximos dois minutos. A química entre nós é óptima, ele é um bom homem e eu só negoceio com boas pessoas”, afirmou, arrancando gargalhadas da plateia.

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