PESQUISADORES DESCOBREM FÓSSIL DE RÉPTIL COM PENAS
Paleontólogos alemães descobriram um fóssil com cerca de 247 milhões de anos, pertencente a um réptil que apresentava uma fileira de plumas ao longo das costas. Segundo os investigadores, trata-se de estruturas semelhantes a penas, embora o animal em questão não tenha qualquer relação directa com as aves.
A descoberta foi publicada nesta quarta-feira, 23, na revista Nature, uma das mais prestigiadas no meio científico. De acordo com o estudo, liderado pelo paleontólogo Stephan Spiekman, do Museu Estatal de História Natural de Estugarda, Alemanha, o achado pode vir a alterar profundamente a forma como se compreende a origem das penas na história evolutiva dos vertebrados.
Nas aves, as penas desenvolvem-se graças a uma complexa rede de genes que estimula o crescimento dessas estruturas na pele. Agora, os cientistas investigam se parte dessa mesma rede genética poderá ter surgido já nos primeiros répteis, há mais de 300 milhões de anos.
Caso essa hipótese se confirme, significaria que esses antigos répteis eram bem diferentes do que se supunha até hoje, tanto na morfologia como no comportamento.
O que revela a pesquisa?
O fóssil em causa foi desenterrado em 1939 pelo paleontólogo francês Louis Grauvogel, que, à época, interpretou a estrutura fossilizada como sendo uma barbatana, semelhante à de alguns peixes.
Mais de oito décadas depois, Spiekman e a sua equipa reanalisaram a colecção de Grauvogel e perceberam que a suposta barbatana estava, na verdade, ligada a um osso de réptil. A restante parte do fóssil permanecia encoberta na rocha, o que impediu uma identificação correcta na altura da descoberta.
Uma análise mais meticulosa revelou novas cristas e até um segundo esqueleto. Apesar da sua antiguidade, o fóssil estava surpreendentemente bem preservado, permitindo aos investigadores estudar minuciosamente a crista e inspecionar o crânio do animal a nível microscópico.
Um réptil arborícola com plumas
O réptil foi baptizado de Mirasaura grauvogeli, em homenagem ao seu descobridor. Segundo os cientistas, pertencia a uma linhagem extinta de répteis especializados na vida arborícola. Esta linhagem tem apenas um parentesco longínquo com aves e dinossauros, tendo-se separado há mais de 300 milhões de anos, seguindo um caminho evolutivo próprio.
Quanto à função da crista, os investigadores rejeitam a hipótese de que servisse para "saltos de paraquedas" entre árvores. Os novos fósseis revelam que a crista se erguia ao longo das costas do animal, uma posição que, ao invés de abrandar a queda, indicaria talvez uma função relacionada com comunicação, defesa ou atracção sexual.