PROFESSOR APONTA RESPONSÁVEIS PELA ALEGADA FALTA DE QUALIDADE DE ENSINO EM ANGOLA
O professor Marcelino Capingala afirmou que a má qualidade do ensino em Angola resulta, em grande parte, da fraca formação de muitos docentes e, por outro lado, responsabilizou o Ministério da Educação pelo baixo aproveitamento escolar.

Marcelino Angelino Vihemba Capingala, técnico médio do Magistério Primário no Bié e licenciado em Língua Portuguesa e Línguas Nacionais, falou de forma sobre o estado do ensino no país.
Segundo o docente, a má qualificação de muitos professores deve-se à ausência de formação adequada e ao desleixo do próprio Ministério da Educação, uma vez que muitos profissionais não são seleccionados pela sua competência, mas sim por afinidades pessoais. Para ele, o ministério deve reforçar a fiscalização destes processos para garantir um melhor enquadramento dos docentes.
“A qualidade do professor é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento do ensino no país. Se olharmos para os níveis educacionais de muitos cidadãos, percebemos que existe um défice de ensino, visível até nos seus comportamentos no meio social”, sublinhou.
Vihemba Capingala defende que o Ministério da Educação precisa de melhorar a formação de professores, recordando que são eles os responsáveis por formar os futuros profissionais de Angola, de médicos a engenheiros, passando pelos próprios professores.
Na ocasião, apelou também aos encarregados de educação para que tenham maior atenção à alimentação dos filhos antes de os enviarem para a escola.
“Uma criança com fome não consegue assimilar a matéria, o que compromete o seu desenvolvimento escolar”, advertiu.
Por essa razão, sugeriu o regresso das merendas escolares, sublinhando que muitos pais não têm condições para alimentar os filhos nas primeiras horas do dia.
“Se o ministério voltar a implementar as merendas no sistema de ensino, garanto que haverá melhorias no desempenho dos alunos”, assegurou.
Outro ponto que o professor Capingala destacou foi a escassez de material escolar e os frequentes erros de escrita nos manuais.
Defendeu a revisão e organização dos manuais, bem como a sua distribuição responsável às escolas, de modo a evitar a venda destes livros no mercado informal.
Por fim, apelou ao Executivo para que invista na construção de mais escolas nas comunidades, a fim de reduzir os elevados índices de analfabetismo.
“Há muitas crianças fora do sistema de ensino e aprendizagem”, concluiu.
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