VANDALIZAÇÃO DE BENS MARCA PRIMEIRO DIA DA PARALISAÇÃO DOS TAXISTAS EM LUANDA
O primeiro dia da paralisação dos taxistas está a ser marcado por actos de vandalismo contra bens públicos e privados em vários municípios de Luanda, protagonizados por jovens, supostamente solidários com os profissionais do volante e descontentes com o aumento das tarifas de táxi e do preço dos combustíveis.
Nas primeiras horas desta segunda-feira, 28 de Julho, primeiro dos três dias de paralisação convocados pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), foi visível, em diversos pontos da capital, a destruição de infra-estruturas, roubo de bens e distúrbios que levaram ao encerramento forçado de várias instituições, algumas das quais com funcionários ainda no interior.
Na zona do Golf 2/Pizaria, o supermercado Arreiou foi vandalizado por grupos de jovens, muitos deles identificados como rapazes de rua, que invadiram o estabelecimento e levaram vários produtos. Também no Kilamba Kiaxi, a loja Fresmart foi alvo de ataques, tendo sido destruídos os vidros e saqueado o interior.
No Calemba 2, vários estabelecimentos comerciais não escaparam à fúria dos manifestantes.
Já no Rocha Pinto, uma viatura foi incendiada. As chamas consumiram o automóvel em poucos minutos. O proprietário, segundo testemunhas, ainda não foi identificado.
Chegam também relatos de outras zonas da cidade onde instituições foram alvo de pilhagens e destruição, numa onda de violência levada a cabo por indivíduos que, alegadamente, aproveitam os protestos da ANATA para cometer actos ilícitos.
Registaram-se ainda ataques a viaturas de cidadãos particulares, incluindo de taxistas que optaram por não aderir à paralisação, bem como autocarros de transporte colectivo.
A Polícia Nacional tem estado presente em diversos pontos da capital, com o objectivo de garantir a ordem e a tranquilidade públicas. No entanto, as acções de contenção têm incluído o uso de gás lacrimogéneo, disparos com balas de borracha e, segundo alguns relatos, até o uso de munições reais e detenção de jovens.
Apesar da presença das forças da ordem, os confrontos com grupos de populares, maioritariamente compostos por jovens, têm sido inevitáveis e, nalguns casos, intensos.
Em vários locais de Luanda, foram colocados contentores nas vias, pneus em chamas e outros objectos com o intuito de bloquear a circulação de veículos, numa tentativa de paralisar a mobilidade e fazer ecoar o descontentamento.
Entre as principais reivindicações que motivaram a paralisação convocada pela ANATA destacam-se o aumento do preço dos combustíveis, o consequente encarecimento das peças de manutenção, e a exigência da unificação do tecto máximo e mínimo das tarifas praticadas nas diferentes categorias de táxi.
De acordo com o Departamento de Comunicação Institucional e Marketing da ANATA, a remoção de paragens de embarque e desembarque sem qualquer aviso prévio às associações, por parte das administrações municipais e da Polícia Nacional, figura igualmente entre as principais queixas dos operadores do sector.
“Há falta de vontade do Executivo em formalizar a actividade de táxi em Angola, bem como em atribuir uma carteira profissional aos membros da classe”, lê-se no comunicado da associação.
Os taxistas afirmam ainda que as lideranças do sector não têm sido ouvidas nas decisões governamentais que os afectam directamente.
Face a este cenário, a ANATA reafirma a manutenção da paralisação dos serviços nos dias anunciados, como forma de protesto e pressão institucional, onde o grito de ordem tem sido: “Fica em casa”.
Entretanto, os protestos continuam. A cidade permanece sob tensão e no meio do fumo, do ruído, disparos, destruição de bens públicos e privadosm, o primeiro dia da paralisação prossegue com a cidade sem táxi.