ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NA AVENIDA 21 DE JANEIRO ALVOS DE VANDALIZAÇÃO E SAQUE

A semelhança de outros pontos de Luanda, a Avenida 21 de Janeiro tornou-se palco de violência e desordem, com vários estabelecimentos comerciais a serem saqueados e vandalizados.

A segunda-feira, 28 de Julho, marcou o início dos três dias de paralisação inicialmente decretados pelos taxistas. 

Após cobrir os primeiros focos de tensão no Kilamba Kiaxi, no final do dia, a nossa equipa deslocou-se a diversos pontos da zona do Gamek, para acompanhar de perto os efeitos do protesto.

 Pelo caminho, era evidente o rasto de destruição: pneus carbonizados, contentores de lixo espalhados pelas vias, troncos de árvores a bloquear o trânsito, um cenário semelhante ao de outras localidades onde também se registaram actos de vandalismo.

O cheiro a fumo ainda pairava no ar, embora já não houvesse chamas visíveis. Na zona do Nosso Centro, no Gamek, deparámo-nos com uma aglomeração de populares, alguns a tirar fotografias. Chegados ao local, apurámos que uma loja de produtos diversos e uma papelaria junto a farmácia central, haviam sido invadidas por um grupo de indivíduos, que partiram os vidros e saquearam o interior.

Seguimos em direcção o percurso. À primeira vista, o ambiente parecia mais calmo, mas o semblante dos transeuntes revelava desconfiança e receio. Subitamente, ouviram-se disparos. Não recuámos.

Mantivemos o foco e prosseguimos. Já na parte terminal do Gamek, sentido Aeroporto, encontrámos outra aglomeração. Desta feita, quatro estabelecimentos comerciais tinham sido assaltados, incluindo uma loja de venda de telemóveis, com prejuízos significativos devido ao roubo de mercadorias.

Ao lado, um comerciante escapou por pouco, pois retirou os seus produtos a tempo de evitar o saque.

"São jovens do bairro Huambo e do Rocha Pinto. Estes miúdos são perigosos", declarou um cidadão que trabalha nas redondezas e testemunhou os incidentes. Segundo o mesmo, pela quantidade de jovens presentes, seria praticamente impossível conter o ímpeto destrutivo sem reforço policial imediato.

A Polícia Nacional só surgiu após os actos terem já ocorrido, encontrando os estabelecimentos parcialmente ou totalmente saqueados.

"Ninguém esperava isto. São marginais, mas a polícia há-de apanhá-los", garantiu a mesma fonte.

Quase à entrada da Rua da Parabólica, uma viatura policial permanecia estacionada, com efectivos a vigiar as ruas para evitar mais distúrbios.

Um ponto era comum, com outros cenários apurados: lixo espalhado na estrada, pneus queimados, contentores de lixo na estrada e outros objectos, com a população a redobrar a vigilância enquanto circulava.

Informações colhidas no local indicam que muitos dos jovens envolvidos nos actos de vandalismo fugiram para bairros vizinhos assim que os agentes chegaram.

Durante o trajecto, não se avistavam táxis a circular, obrigando os populares a percorrer longas distâncias a pé.

"Terça e quarta-feira,  não saio de casa. Nunca vi uma situação como esta", desabafou Paulo, um cidadão que saía da Mutiperfil com destino à Rocha Padaria.

 Como medida de precaução, várias empresas optaram por dispensar os seus trabalhadores durante os dias da paralisação, enquanto se aguarda que a normalidade retorne.

A Polícia Nacional prometeu redobrar esforços para garantir a ordem e tranquilidade públicas.

Em comunicado, a corporação lamentou os actos de vandalização e saque, que ocorreram na capital angolana.

"Grupos de indivíduos protagonizaram verdadeiros actos de terror urbano, caracterizados por arruaça, bloqueio de vias públicas, vandalização de mais de 20 autocarros de transporte público e de um número ainda por apurar de viaturas particulares, ataques a esquadras policiais, destruição de câmaras de videovigilância, queima de pneus em plena via pública, pilhagens a estabelecimentos comerciais e agressões à integridade física de cidadãos que circulavam na rua", segundo a corporação.

 De acordo com este órgão do Ministério do Interior, os dados provisórios apontam para a detenção de mais de 100 cidadãos, que deverão ser presentes ao Ministério Público nas próximas horas.

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