QUEM CONTROLA O ACTO SEXUAL ENTRE MOSQUITOS?
Pesquisadores da Universidade Rockefeller, em Nova York, descobriram que as fêmeas do mosquito Aedes aegypti controlam o acasalamento ao abrir, ou não, suas genitálias para os machos. A conclusão desafia a antiga visão de que os machos as escolhiam e elas eram passivas na relação.
Os pesquisadores, usaram esperma fluorescente e descobriram que as fêmeas do mosquito da dengue, Aedes aegypti, escolhem com quem acasalar.
O estudo foi publicado na revista científica Current Biology, revelou esse comportamento com a ajuda de uma técnica curiosa: espermatozoides fluorescentes.
Como foi feita a descoberta
Para entender o que acontece durante o acasalamento que dura poucos segundos e normalmente ocorre no ar, os cientistas criaram mosquitos transgênicos que produziam espermatozoides fluorescentes.
Ao analisar centenas de fêmeas depois do acasalamento, os pesquisadores notaram que mais de 90% delas tinham esperma de apenas uma cor, o que confirma que acasalam apenas uma vez na vida.
Mas a descoberta mais surpreendente veio quando a equipe filmou o processo com câmeras de alta velocidade.
Ao observar quadro a quadro, os cientistas perceberam que o macho só consegue acasalar se a fêmea alongar a ponta de sua genitália, um gesto quase invisível, de menos de um milímetro, mas essencial.
Muitos machos abordavam as fêmeas, mas não conseguiam concluir a relação, ou eram literalmente enchotados por elas. Os pesquisadores descobriram que sem esse movimento intencional e de consentimento a cópula simplesmente não acontece.
“É como se houvesse um código de receptividade”, explicou a pesquisadora Leah Houri-Zeevi, uma das autoras do estudo.
Um código biológico
O mecanismo funciona como uma espécie de “chave e fechadura”: o macho toca a fêmea com estruturas semelhantes a baquetas, chamadas gonóstilos e, se ela aceitar, abre o caminho para o acasalamento. Caso contrário, mantém os genitais retraídos e impede a cópula.
O mesmo comportamento foi observado em outra espécie próxima, o Aedes albopictus, que também transmite dengue e chikungunya.
Os pesquisadores perceberam, porém, que machos de A. albopictus conseguem forçar o acasalamento com fêmeas de A. aegypti. O cruzamento entre as duas espécies não gera descendentes e, pior, faz com que as fêmeas fiquem inférteis, um fenômeno que pode, na prática, levar à extinção local da espécie.
Além de revelar detalhes inéditos da biologia do mosquito da dengue, a descoberta pode ter implicações no controle das doenças transmitidas por ele.
Entender os mecanismos do acasalamento, especialmente o papel activo das fêmeas pode ajudar a desenvolver estratégias de controle mais eficazes, já que o Aedes aegypti continua sendo um dos principais vectores de dengue, zika e chikungunya no mundo.














































